Será cada vez mais importante construir “pontes” entre diferentes gerações de profissionais para manter as organizações produtivas. Essa é uma das conclusões de pesquisa realizada pelo Talenses Group, da área de recrutamento de executivos, em parceria com a Fundação Dom Cabral. O estudo foi lançado nesta sexta, durante Live do Valor.
De acordo com os especialistas, os resultados do levantamento – de conflitos geracionais a diferentes parâmetros de satisfação no trabalho – indicam o desafio das empresas para acomodar até cinco gerações dentro da folha de pagamento e ainda reter talentos de todas as idades.
O relatório ouviu 915 profissionais e mapeia diferenças de pensamentos, tomadas de decisão e perspectivas profissionais entre as várias gerações. Um terço dos entrevistados é da geração Y – os millenials, nascidos de 1980 a 1994; quase 50% são da geração anterior, a X, nascidos de 1960 a 1979, 12,7% são da turma mais nova no mercado de trabalho hoje, a Z, nascidos a partir de 1995, e 4% vêm da geração mais sênior, a baby boomer, nascida de 1940 a 1959.
Assista à íntegra da live:
Do total, a maioria atua nas áreas de finanças (15,4%), operações (15%), comercial (14,4%) e tecnologia/digital (14,2%). São, principalmente, gerentes (31,2%), diretores (14,7%) ou assistentes (11,6%). Vice-presidentes, CEOs e executivos do C-Level somam 6,1% dos respondentes.
De acordo com Luiz Valente, CEO da consultoria de recrutamento Talenses Group, a disposição de trocar de carreira aumenta à medida que as gerações ficam mais “novas”. Segundo os dados analisados, a geração X mudou mais de carreira do que a baby boomer – 39,8% ante 30,5%, respectivamente –, enquanto a geração Z, a mais nova a ingressar no mercado de trabalho, acha que irá trocar mais de empresa do que a geração Y: 76% dos entrevistados avaliam mudanças na Z, ante 73% na Y.
Paul Ferreira, professor de estratégia e diretor do Centro de Liderança da Fundação Dom Cabral, lembra que, além de diferenças de pensamento entre as gerações, há nuances dentro de cada grupo e setores de atuação. “Mas, em geral, os jovens estão satisfeitos com suas decisões de carreira, enquanto quem está em uma posição hierárquica mais elevada considera que fez a escolha [profissional] certa”, analisa.
Na opinião dos executivos mais seniores (baby boomers e X, respectivamente), os jovens deveriam iniciar suas trajetórias corporativas em multinacionais (55,5%) e startups (62,5%), mas a busca de um propósito na profissão ganha força, nos últimos anos, independentemente do local de trabalho.
Alini Dal’Magro, CEO do Instituto PROA, organização sem fins lucrativos que desenvolve projetos de capacitação para jovens da rede pública, diz que há 15 anos, os profissionais novatos procuravam empresas tradicionais para iniciar a carreira. “Hoje, eles querem oportunidades entre startups ou companhias em que possam ajudar a construir”, diz. “Mas esse empregador deve se preocupar com o planeta em que vivemos e não pensar apenas no lucro”.