Moradores do Quilombo Quingoma estão preocupados com a Covid-19 em Lauro de Freitas
A comunidade do quilombo Quingoma fez uma manifestação em Lauro de Freitas, região metropolitana de Salvador, na manhã desta sexta-feira (26), contra a desapropriação de uma área reivindicada pela comunidade que servirá para a construção de uma estrada.
Além disso, eles protestaram contra a desapropriação de uma área reivindicada pela comunidade que servirá para a construção de uma estrada. O ato aconteceu em frente à sede da Associação do Quilombo Quingoma, por volta das 10h30.
“Para nós, a construção da estrada é um atentado contra o meio ambiente e nossas tradições ancestrais. Atinge a nascente de um agueiro que serve a comunidade, dentre outros problemas contra a natureza”, afirmou em nota, Ana Silva, liderança quilombola.
Comunidade quilombola de Lauro de Freitas faz manifestação contra construção de estrada rodoviária — Foto: Sérgio Pinheiro/TV Bahia
A Secretaria Estadual de Infraestrutura (Seinfra) informou que vai executar obras de pavimentação de 1.174 metros da via existente e implantará uma alça de acesso à Via Metropolitana, com extensão de 318 m no entorno do Hospital Metropolitano, em Lauro de Freitas.
No dia 14 de agosto de 2013, o Quilombo Quingoma recebeu reconhecimento como território quilombola, concedido pela Fundação Cultural Palmares.
Casos de Covid-19
Manifestação da comunidade acontece nesta sexta-feira — Foto: Sérgio Pinheiro/TV Bahia
A comunidade, que tem mais de 3 mil moradores descendentes de escravos, aproveitou a ocasião para reclamar das dificuldades enfrentadas por causa da pandemia. Em apenas 15 dias, cinco pessoas foram diagnosticadas com a doença e uma idosa morreu com suspeita de Covid-19.
"Nós temos cinco casos já de Covid na comunidade, que é desasistida. Não tem posto de saúde, não tem agente comunitário de saúde, a gente vive abandonado na questão da pandemia, entre outras coisas", relatou Ana.
O quilombo não conta com rede de esgoto, não tem posto de saúde e a água encanada só chegou há dois anos que, ainda assim, falta com frequência.
"A gente passa dois três dias sem água e o essencial para prevenção da Covid. Porque na realidade não é só álcool e máscara, também é o sabão e a água e a gente não tem. Quando a gente pede, o carro pipa não vem, porque as pessoas perdem as contas pelo meio do caminho, não tem internet para pedir a conta, não tem como solicitar o carro", explicou Rejane Pereira, moradora do quilombo.
De acordo com a Coordenação Nacional das Comunidades Rurais Quilombolas, 824 casos de Covid-19 já foram registrados em quilombos no Brasil, com 86 mortes. Destas, 80% foram nos estados do norte e nordeste. Foram 33 mortes no Pará, 9 em Pernambuco, 7 no Maranhão e 3 na Bahia.
"Não tem pessoa nenhuma olhando pela gente, um órgão que vai de casa em casa para ver como nós estamos, o que precisamos", disse Jorge Teixeira, vice-presidente da associação.
Em nota, a Defensoria Pública da União na Bahia (DPU-BA) informou que a DPU havia ajuizado ação civil pública no dia 15 de junho a fim de garantir políticas públicas às comunidades quilombolas da Bahia. O órgão também informou que trabalha em outra ação referente à questão de posse em favor da comunidade.
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Quilombo Quingoma em Lauro de Freitas — Foto: Atitude Comunicação