Por Alessandra Modzeleski, Gustavo Garcia e Flávia Foreque, G1 e TV Globo — Brasília


Da esq. para a dir., em ordem alfabética, pré-candidatos a presidente que participaram de encontro com empresários na CNI: Alvaro Dias, Ciro Gomes, Geraldo Alckmin, Henrique Meirelles, Jair Bolsonaro e Marina Silva — Foto: CNI

Seis pré-candidatos à Presidência da República apresentaram propostas de governo nesta quarta-feira (4) em um evento organizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) em Brasília.

Não houve debate entre eles. Durante uma hora, cada um fez uma exposição e em seguida respondeu a perguntas de empresários.

Três falaram pela manhã – Geraldo Alckmin (PSDB), Marina Silva (Rede) e Jair Bolsonaro (PSL) – e três à tarde – Henrique Meirelles (MDB), Ciro Gomes (PDT) e Alvaro Dias (Podemos) .

O tema proposto pela CNI para o encontro foram ideias para aumentar a produtividade das empresas e estimular o crescimento sustentável da economia.

Veja abaixo o que cada um disse (na ordem das apresentações):

Geraldo Alckmin durante evento da CNI com pré-candidatos a presidente da República — Foto: Sérgio Dutti/CNI

Geraldo Alckmin (PSDB)

O pré-candidato do PSDB, ex-governador de São Paulo, foi o primeiro a falar no evento. Ele abordou a necessidade de o novo presidente fazer reformas nos primeiros meses do mandato para enfrentar as dificuldades econômicas do país.

O pré-candidato disse que é preciso superar um quadro de "déficit primário, baixíssimos investimentos, obras paralisadas ou andando a passos muitos pequenos, gastos correntes crescentes".

Uma das reformas defendidas por Alckmin foi a da Previdência. "Tem que ser feita de cara", afirmou. Ele também disse que, se eleito, vai promover uma reforma tributária.

"Precisamos simplificar o modelo tributário. Temos um verdadeiro manicômio tributário. Vou reduzir o imposto de renda da pessoa jurídica, imposto corporativo. Nós temos que estimular novos investimentos: 'Venha para cá, invista aqui'. Estimular as empresas a reinvestirem no seu negócio", afirmou.

Alckmin disse ainda que a União precisa zerar o déficit fiscal para voltar a ter poder de investimento.

"Em São Paulo, ano passado, fizemos um superávit primário sem aumentar nenhum imposto. O presidente da República tem que ser quem vai reduzir o tamanho do Estado, reduzir gastos. Porque com conta desequilibrada não vai ter investimento, não vai ter emprego", declarou.

Marina Silva durante encontro da CNI com pré-candidatos a presidente — Foto: Sérgio Dutti/CNI

Marina Silva (Rede)

Candidata da Rede, a ex-ministra do Meio Ambiente também defendeu reformas. No entanto, segundo Marina Silva, antes de levá-las adiante, é necessário superar a "grave crise política".

"É grave a crise política que estamos atravessando. Sem a solução dela, não há como dar conta desses imensos desafios, de fazer uma reforma política, de fazer uma reforma tributária, de fazer uma reforma da Previdência que melhore a Previdência brasileira", disse a pré-candidata.

Marina afirmou que o atual formato de governo de coalisão se degradou e se desmoralizou. Ela propõe, no lugar, o que chamou de "presidencialismo de proposição".

De acordo com a pré-candidata, o modelo proposto não vai fazer "distribuição de pedaços do Estado para ter a maioria do Congresso".

Segundo ela, a escolha dos ministros e a formação de uma maioria no Congresso se dará com base em um programa.

"Desde 2010, estou dizendo que se ganhar vou governar com os melhores, não apenas dos partidos, porque 200 milhões de brasileiros são maiores dos que os 30 e pouco partidos que temos", afirmou.

Jair Bolsonaro no encontro da CNI com pré-candidatos a presidente — Foto: Sérgio Dutti/CNI

Jair Bolsonaro (PSL)

O pré-candidato Jair Bolsonaro afirmou que que o principal desafio de quem ocupar o cargo de presidente será obter apoio do Congresso.

"Se eu conseguir vencer os problemas ambientais, indigenistas, seis ou sete deputados não vão nos apoiar? Se eu tipificar ações do MST como terroristas, será que a bancada ruralista não estará conosco? Se a gente conseguir desburocratizar muita coisa, os senhores não estarão com a gente? Se resgatarmos os valores de família não teremos simpatia dos evangélicos? Será que agindo dessa maneira não vamos ter apoio do parlamento?", indagou.

Questionado sobre a reforma da Previdência, ele afirmou que é necessária, mas disse que a proposta apresentada pelo governo Temer é "remendo novo em calça velha".

"Quando coloca a idade de aposentadoria de 65 anos, mesmo escalonada, ela assusta. Essa reforma da Previdência talvez seja votada depois das eleições, mas acho difícil ser aprovada mesmo mostrando que o avião vai bater na montanha", declarou.

Empresários que acompanharam a sabatina também indataram ao candidato como pretende melhorar a educação. Ele afirmou que aceita sugestões, mas que é necessário valorizar o professor.

"Aceito sugestões. Mas, na época que estudei para passar no concurso na área militar, os professores tinham como exercer sua autoridade na sala de aula. Naquele tempo nem se falava em ideologia de gênero. Nada contra quem é feliz com seu parceiro ou semelhante. O currículo escolar também não dá para continuar esse que está aí. Lá embaixo, na base, precisamos melhorar valorizando o professor", afirmou.

Henrique Meirelles durante encontro da CNI com pré-candidatos a presidente — Foto: Sérgio Lima/CNI

Henrique Meirelles (MDB)

Em sua exposição, Henrique Meirelles destacou a participação nos governos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, como presidente do Banco Central, e do presidente Michel Temer, como ministro da Fazenda.

Meirelles afirmou que quando fez parte da equipe econômica de Lula “60 milhões de brasileiros saíram da classe de renda mais baixa para a classe média”. “As pessoas têm lembrança concreta disso. Foi a época em que a vida melhorou, 'que eu pude viajar, comprar geladeira’. Eu vou demonstrar quem era o responsável pela política econômica naquela época”, disse.

Meirelles declarou que, após o governo Lula, Dilma assumiu e mudou completamente a orientação, gerando, segundo ele, a maior crise da história, “maior que a grande depressão de 1929”.

O pré-candidato disse que, no governo Temer, o país voltou a crescer. E destacou propostas que conseguiu aprovar no Congresso, especificamente, a PEC do Teto de Gastos, a Reforma Trabalhista, e a terceirização.

Ele defendeu a aprovação da reforma previdenciária, que, segundo afirmou, é “fundamental para criarmos igualdade na Previdência”. Apontou melhorias com a reforma trabalhista e citou, como fator positivo, a diminuição dos processos trabalhistas contra empresas.

Meirelles disse que, se eleito, a primeira reforma que vai encaminhar ao Congresso Nacional é a tributária e que já tem uma equipe trabalhando nesse setor.

Ciro Gomes durante encontro da CNI com pré-candidatos a presidente — Foto: André Carvalho/CNI

Ciro Gomes (PDT)

Ciro Gomes recebeu vaias de parte da plateia e aplausos de outra parte quando fez críticas à reforma trabalhista aprovada pelo governo Michel Temer. A vaia se deu quando ele disse que chamaria vários setores da sociedade, entre os quais, as centrais sindicais, para rediscutir a legislação.

“Precisamos substituir essa selvageria, chamada reforma trabalhista, por uma verdadeira reforma trabalhista. Eu vou convocar [os setores]. Jamais prosperou qualquer nação que introduziu, no mundo do trabalho, a insegurança jurídica [...]. O meu compromisso com as centrais sindicais é trazer essa bola de volta para o meio de campo”, afirmou.

Diante das vaias, o pré-candidato elevou o tom: “Se quiserem presidente fraco, escolham um desses que conversam fiado com vocês”, disparou. Houve vaias e aplausos.

Sobre a reforma da Previdência, o pedetista disse que o tema deve ser enfrentado, mas que a população tem de participar da discussão. Citou referendos e plebiscitos como formas de incluir a sociedade nesse debate.

Disse que, se eleito, terá de aproveitar os seis primeiros meses para promover mudanças estruturais, uma vez que, no entendimento dele, é um momento em que o presidente tem poderes “imperiais”.

Ele criticou a atuação do Judiciário. “A quem serve a democracia em que o presidente nomeia um ministro, e um ministro do STF – contra a Constituição, por liminar – impede esse ministro de tomar posse?”, questionou. “Vamos ter clareza, o Judiciário precisa voltar para o seu quadrado", declarou. "Portanto, restaurar a autoridade do poder político, democrático, é uma das grandes tarefas”, acrescentou.

Alvaro Dias durante o encontro da CNI com pré-candidatos a presidente — Foto: André Carvalho/CNI

Alvaro Dias (Podemos)

Alvaro Dias criticou o aparelhamento de estatais e defendeu um “grande programa de privatizações”. Ele também falou em diminuição do número de senadores e deputados. “Buscando um Legislativo mais enxuto”. “O primeiro e maior desafio é o ajuste fiscal, o controle dos gastos públicos”, afirmou.

Ele defendeu a reforma da Previdência, mas disse que reformar o Estado contraria interesses. Afirmou que é necessário reduzir a máquina estatal para que se possa investir em “segurança pública, educação e geração de empregos”.

Defendeu também a reforma política e criticou o grande número de siglas que, na avaliação dele, “não são partidos políticos”.

“Temos siglas para registro de candidaturas”, disse. “Uma reforma política para a construção de partidos, para que a representação tenha suporte popular. Nós reduziremos certamente essa representação a seis ou sete partidos”, declarou.

Dias também se manifestou a favor da diminuição do número de ministérios acompanhada com a diminuição das despesas dessas pastas. “Os conluios partidários desaparecem, o balcão de negócios também. O presidente vai escolher os mais capacitados para cada setor”, disse.

Segundo ele, a melhoria no ambiente de negócios "passa pela desburocratização, que vai elevar os índices de produtividade". Para isso, disse que priorizará ações para regulação “competente e permanente” a fim de conferir previsibilidade e segurança jurídica para os negócios.

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