Por Camila Bomfim, TV Globo — Brasília


A Polícia Federal deflagrou, nesta terça-feira (22), mais uma fase da Operação Registro Espúrio para apurar um suposto esquema de ocultação de bens obtidos por meio de fraudes em registros sindicais no antigo Ministério do Trabalho (no governo do presidente Jair Bolsonaro a pasta foi incorporada ao Ministério da Economia).

A primeira fase da Operação Registro Espúrio foi deflagrada em maio de 2018. O objetivo é investigar uma suposta organização criminosa integrada por políticos e servidores que teria cometido fraudes na concessão de registros de sindicatos pelo ministério (veja mais abaixo).

PF faz buscas em gabinetes de deputados na Operação Registro Espúrio e prende 23

PF faz buscas em gabinetes de deputados na Operação Registro Espúrio e prende 23

Agentes estavam cumprindo na manhã desta terça-feira (22) quatro mandados de busca e apreensão.

A investigação identificou o desvio de mais de R$ 2,5 milhões do Ministério do Trabalho por um único representante sindical. Segundo, a Polícia Federal ele teria utilizado a própria companheira para ocultar bens e valores.

A TV Globo apurou que o representante sindical se trata de Mauri Viana, presidente da Federação Nacional dos Trabalhadores Celetistas nas Cooperativas do Brasil (Fenatrocop).

Em nota, a Fenatrocoop disse que Mauri Viana "se encontra a disposição das Autoridades competentes para os devidos esclarecimentos que ainda se fizerem necessários" (veja íntegra da nota abaixo).

Os envolvidos vão responder pelo crime de lavagem de dinheiro. A pena pode chegar a 10 anos de prisão.

O G1 procurou a Fenatrocop, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem.

Operação Espúrio

A primeira fase da Operação Registro Espúrio foi deflagrada em maio de 2018. Na ocasião, a PF fez buscas nos gabinetes dos deputados federais Paulinho da Força (SD-SP), Jovair Arantes (PTB-GO) e Wilson Filho (PTB-PB).

Dois dias após a primeira fase da operação da PF, o Ministério do Trabalho suspendeu a concessão de registros sindicais por 30 dias, posteriormente o período foi renovado por mais tempo.

Na segunda fase, deflagrada em junho, o alvo da PF foi a deputada Cristiane Brasil (PTB-RJ). Na terceira fase da operação, o então ministro do Trabalho foi afastado do cargo.

Veja no JN: Ministro do Trabalho, Helton Yomura, é afastado do cargo pelo STF

Veja no JN: Ministro do Trabalho, Helton Yomura, é afastado do cargo pelo STF

Na quarta fase da operação, Mauri Viana Pereira foi preso temporariamente em Londrina, no norte do Paraná. Na ocasião, a PF cumpriu, ao todo, 9 mandados de prisão e 16 de busca e apreensão em quatro estados.

Na quinta fase da operação, o então ministro substituto, Ricardo Santos Silva Leite, foi suspenso do cargo e impedido de entrar no ministério.

Ministro do Trabalho Ricardo Leite é suspenso do cargo

Ministro do Trabalho Ricardo Leite é suspenso do cargo

Íntegra da nota da Fenatrocoop

"A Fenatrocoop - Federação dos Trabalhadores Celetistas nas Cooperativas no Brasil, vem a público esclarecer sobre a busca e apreensão efetuada na residência do seu presidente Mauri Viana Pereira, que foi cumprida na manhã desta data pela Polícia Federal em Brasília.

No final do ano de 2020, o presidente da Fenatracoop se deu por intimação na Ação Penal com tramite pela 12ª Vara Criminal de Justiça Federal do Brasil e tempestivamente ofereceu a sua RESPOSTA A ACUSAÇÃO, onde pode fazer todas as explicativas quanto a liberação das contribuições sindicais pertencentes à Federação, inclusive juntando decisão em Mandando de Segurança (com trânsito soberanamente julgado), onde restou claramente provado que o critério para o recebimento das quantias erroneamente depositadas na Conta Especial Emprego e Salário da Caixa Econômica Federal, deveriam ser efetuadas pelo Critério de Categoria e não pelo Critério de Filiações de Sindicatos à Federação, conforme Portarias do então MTE.

O presidente da Fenatracoop e Sintracoop Mauri Viana Pereira, sempre primando pela defesa intransigente da Categoria dos Trabalhadores em Cooperativas no Brasil (conforme determinação do Estatuto de Entidade Sindical), esteve e se encontra a disposição das Autoridades competentes para os devidos esclarecimentos que ainda se fizerem necessários".

VÍDEOS: notícias sobre política

Veja também

Mais lidas

Mais do G1
Deseja receber as notícias mais importantes em tempo real? Ative as notificações do G1!