Monja budista reza em uma cerimônia japonesa antes de soltar lanternas na água em Brasília com nomes de pessoas que morreram de Covid-19, no dia 30 de novembro. — Foto: Adriano Machado/Reuters
O Brasil fechou o mês de novembro com 13.263 mortes pela Covid-19, mostram dados apurados pelo consórcio de veículos de imprensa junto às secretarias de Saúde do país.
É o segundo mês seguido que o país termina com menos de 20 mil mortes pela doença, e o quarto consecutivo em que há queda no número de óbitos (veja gráfico).
A diminuição percentual nas mortes, entretanto, foi menor de outubro para novembro do que de setembro para outubro.
É a primeira vez em que a queda percentual de um mês para o outro é menor do que a vista nos dois meses anteriores:
- De julho para agosto, as mortes caíram 9% (julho foi o mês da pandemia com maior número de mortes no país.
- De agosto para setembro, a queda foi de 22%.
- De setembro para outubro, de 28%.
- De outubro para novembro, de 17%.
"A queda já não é mais tão marcante, como foi na virada de mês passado. E infelizmente, com os números mais recentes, na próxima virada de mês nem sabemos se teremos queda", afirma o epidemiologista e reitor da Universidade Federal de Pelotas Pedro Hallal.
O dado referente a novembro foi calculado subtraindo-se as mortes totais no dia 31 de outubro (159.902) do total de mortes até segunda-feira (30 de novembro), que era de 173.165 até as 20h. Os números dos meses anteriores foram determinados com a mesma metodologia. (Veja mais ao final da reportagem).
Aumento do contágio
A taxa de transmissão do coronavírus alcançou, no mês passado, o índice mais alto desde maio: 1,30, antes de cair novamente nesta semana, para 1,02. Isso significa que cada 100 pessoas infectadas no país transmitem o vírus para outras 102. Na prática, simboliza um avanço no contágio da doença.
Segundo a margem de erro do monitoramento britânico, a taxa de transmissão no país pode ser maior (Rt de até 1,11) ou menor (Rt de até 0,94). Nesses cenários, cada 100 pessoas com o vírus infectariam outras 111 ou 94, respectivamente.
Na segunda-feira (30), a Organização Mundial de Saúde (OMS) disse que o Brasil "precisa levar muito, muito a sério" a alta no número de casos de Covid-19.
Casos de SRAG
Foto mostra profissional de saúde em UTI no Hospital Nossa Senhora da Conceição, em Porto Alegre, no dia 19 de novembro. — Foto: Diego Vara/Reuters
Também em novembro, a Fiocruz indicou, pela primeira vez desde julho, um aumento nos casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) em todo o território nacional. Antes, esse cenário só era sinalizado para algumas capitais.
A SRAG pode ser causada por vários vírus respiratórios, mas, neste ano, cerca de 98% dos casos da síndrome têm sido provocados pelo Sars-CoV-2, segundo a Fiocruz. Por isso, os dados ajudam a entender o cenário apesar do atraso na confirmação de testes diagnósticos, por exemplo.
Doze das 27 capitais brasileiras tiveram sinal moderado ou forte de que houve crescimento de casos nas 6 semanas anteriores ao boletim: Belo Horizonte, Campo Grande, Maceió e Salvador tiveram sinal forte; Curitiba, Natal, Palmas, Plano Piloto de Brasília e arredores, Rio de Janeiro, São Luís, São Paulo e Vitória tiveram sinal moderado de crescimento.
Metodologia
O consórcio de veículos de imprensa começou o levantamento conjunto no início de junho. Por isso, os dados mensais de fevereiro a maio são de levantamentos exclusivos do G1. A fonte de ambos os monitoramentos, entretanto, é a mesma: as secretarias estaduais de Saúde.
Outra observação sobre os dados é que, no dia 28 de julho, o Ministério da Saúde mudou a metodologia de identificação dos casos de Covid e passou a permitir que diagnósticos por imagem (tomografia) fossem notificados. Também ampliou as definições de casos clínicos (aqueles identificados apenas na consulta médica) e incluiu mais possibilidades de testes de Covid.
Desde a alteração, mais de mil casos de Covid-19 foram notificados pelas secretarias estaduais de Saúde ao governo federal sob os novos critérios.