Por Marta Cavallini, G1


Fachada da Caixa Econômica Federal — Foto: Divulgação

A Caixa Econômica Federal reabriu o Programa de Desligamento Voluntário (PDV) nesta quarta-feira (3). Os trabalhadores do banco têm até o próximo dia 11 para fazer a adesão.

O PDV foi aberto de 9 a 20 de novembro para o número limite de 7,2 mil empregados. A Caixa informa que 2,3 mil funcionários manifestaram interesse e fizeram adesão à possibilidade de desligamento. Ou seja, parte deles ainda pode desistir. De acordo com o banco, a média de confirmação de adesões aos PDVs varia entre 1,8 mil e 2 mil.

Já a Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa (Fenae) afirma que houve adesão de 3,2 mil funcionários.

Quem aceitar entrar no PDV será desligado ainda neste ano e terá direito a um incentivo financeiro equivalente a 9,5 salários, sem desconto de imposto de renda.

Segundo a Caixa, podem aderir ao PDV "os empregados que atendam aos requisitos do programa e que já se planejaram para a aposentadoria ou desligamento". De acordo com o banco, a ação atende a um pleito dos próprios empregados da empresa e se dará por adesão individual e voluntária.

Veja quem pode aderir ao PDV:

  • funcionários que se aposentaram antes de 13 de novembro de 2019 (quando entrou em vigor a reforma da Previdência)
  • funcionários aptos a se aposentar até 31 de dezembro de 2020 e que solicitaram aposentadoria após 6 de novembro de 2020
  • funcionários com 15 ou mais anos de casa
  • funcionários que recebem adicional de incorporação

Entidade aponta déficit de 17 mil funcionários

De acordo com a Fenae, até 20 de novembro, o déficit no quadro de pessoal da Caixa superava 17 mil profissionais. O banco conta atualmente com 84,2 mil empregados. O número limite de 7,2 mil trabalhadores equivale a 8,5% do quadro atual de funcionários. O banco chegou a ter 101,5 mil trabalhadores em 2014.

Para Takemoto, o déficit de trabalhadores coloca em risco a capacidade e qualidade da assistência à sociedade.

“É preocupante o desligamento desses trabalhadores sem uma indicação do banco para a contratação de novos empregados. Além de piorar as condições de trabalho, a falta de bancários pode prejudicar o atendimento à população, especialmente neste momento de pandemia”, afirma.

Para o presidente da Fenae, a baixa adesão ao PDV anterior motivou a Caixa a reabrir o programa. “A Caixa reabriu o PDV logo após o início de uma reestruturação, sem nenhum planejamento. O que parece é que o único intuito foi pressionar os empregados a aderirem ao plano, pois o banco não alcançou o objetivo de mais de sete mil adesões”, afirma.

A Caixa informou ao G1 que não considera a adesão baixa porque está na média dos demais PDVs e que a entrada no programa é voluntária - ninguém é obrigado a sair. Além disso, a estimativa de 7,2 mil empregados é um número técnico com o qual a Caixa trabalha que resguarda a qualidade do atendimento aos clientes. E a reabertura do programa nada mais é do que uma extensão de prazo para os funcionários decidirem se querem mesmo ou não aderir ao plano de demissão voluntária.

A Comissão Executiva dos Empregados da Caixa (CEE/Caixa) orienta que os trabalhadores estejam seguros quanto à adesão ou não ao Programa de Desligamento Voluntário. "Essa é uma mudança para toda a vida. Então, os empregados devem estar seguros sobre essa mudança", alerta a coordenadora da comissão, Fabiana Uehara Proscholdt.

Contratações

De acordo com a Fenae, no Acordo Coletivo de Trabalho 2014/2015, a direção da empresa, após decisão judicial, se comprometeu a realizar 2 mil contratações. Trezentos bancários foram convocados no último mês de maio para atuar no Norte e no Nordeste - número longe do ideal, segundo a federação.

De acordo com o balanço do terceiro trimestre, o banco fechou 796 postos de trabalho em 12 meses - 30 deles entre março e setembro. Também foram fechadas duas agências.

Em fevereiro, pouco antes da pandemia, Caixa afirmou que preparava uma reformulação profunda de sua estrutura administrativa, que incluiria um PDV, a criação de centenas de superintendências menores e fechamento de agências.

Assista a mais notícias de Economia:

Veja também

Mais lidas

Mais do G1
Deseja receber as notícias mais importantes em tempo real? Ative as notificações do G1!