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Dólar supera os R$ 5,50 e Bolsa cai, com aversão ao risco no exterior às vésperas de reunião do BC americano

Ibovespa cedeu 0,92%. Investidores também monitoraram tensão entre Ucrânia e Rússia
Mercados começam a semana em compasso de espera antes de reunião de política monetária do Federal Reserve, o banco central americano Foto: SPENCER PLATT / AFP
Mercados começam a semana em compasso de espera antes de reunião de política monetária do Federal Reserve, o banco central americano Foto: SPENCER PLATT / AFP

RIO — O dólar fechou em alta ante o real enquanto a Bolsa caiu, refletindo a maior aversão ao risco no exterior. Os investidores já aguardam a reunião de política monetária do Federal Reserve, o banco central americano e também monitoraram o acirramento das relações entre a Rússia e a Ucrânia.

A moeda americana teve alta de 0,87%, negociada a R$ 5,5017. O Ibovespa cedeu 0,92%, aos 107.937 pontos. O movimento de queda arrefeceu, após a inversão de sinal das bolsas americanas.

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No caso do Fed, os agentes de mercado aguardam pistas sobre como será a alta de juros naquele país.

A expectativa por uma postura mais dura por parte da autoridade monetária vem provocando fortes perdas nos mercados acionários americanos, além de elevar os rendimentos dos títulos do Tesouro.

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Um ambiente de menor liquidez e juros mais altos estimula os investidores a saírem de ativos mais arriscados como ações, provocando baixas nas bolsas.

— É um ponto importante (reunião do Fed) e existe uma probabilidade razoável de já termos aumento de juros agora em março. O cenário geopolítico entre a Rússia e a Ucrânia, com a movimentação de exércitos naquela região deu motivos para acelerar essa piora — disse o estrategista-chefe da Davos Investimentos, Mauro Morelli.

Na cena externa, as tensões aumentaram após o governo dos Estados Unidos ordenar que as famílias de seus diplomatas na capital da Ucrânia, Kiev,  deixem o país. Segundo o governo americano, a medida se deve a  uma "ameaça persistente de uma operação militar russa" na Ucrânia, informou o Departamento de Estado na noite de domingo.

A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), a aliança militar liderada pelos Estados Unidos, anunciou nesta segunda-feira que alguns de seus países-membros estão colocando suas forças de prontidão e reforçando as nações aliadas do Leste europeu, próximo às fronteiras russas, com o envio de mais navios e caças-bombardeiros.

Bolsas americanas se recuperam no final do pregão

Em um pregão marcado pela intensa volatilidade, as bolsas americanas fecharam no positivo. O índice Dow Jones subiu 0,29% e o S&P, 0,28%. A Bolsa Nasdaq avançou 0,63%.

O S&P chegou a registrar queda superior aos 3% e Nasdaq uma baixa próxima aos 5%, antes de conseguirem reverter o movimento.

Tanto o S&P quanto o Nasdaq chegaram a apresentar recuo acima dos 3% no dia, mas conseguiram reverter o sinal.

No acumulado do ano, entretanto, o desempenho segue negativo. O Dow Jones tem queda de 5,43% e o S&P, de 7,47%. Em Nasdaq, a baixa é de 11,44%.

— As bolsas internacionais estão caindo por vários aspectos, principalmente devido à subida de juros em diversos países. A retirada dos estímulos no mercado americano faz com que investidores, com medo, comecem a vender suas posições. Outro fator é que os valuations das empresas internacionais seguem bem esticados, apesar dos lucros cada vez mais altos — destaca o sócio-fundador da Fatorial Investimentos, Jansen Costa.

Na Europa, as bolsas fecharam com baixas. A Bolsa de Londres cedeu 2,63% e a de Frankfurt, 3,80%. Em Paris, ocoreu queda de 3,97%.

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As bolsas asiáticas fecharam com direções contrárias. O índice Nikkei, da Bolsa de Tóquio, subiu 0,24%. Em Hong Kong, houve baixa de 1,24% e, na China, alta de 0,04%.

Para Morelli, o esperado é que os mercados sofram com maior volatilidade nas próximas semanas a depender de como irá se desenrolar as sinalizações de política monetária do Fed e o lado geopolítico.

O analista destaca que mercados emergentes e que oferecem mais riscos, como o brasileiro, sofram mais.

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— O esperado é que a volatilidade do Ibovespa continue. Temos um cenário mais adverso para os mercados emergentes com aumento de juros lá fora e diminuição de liquidez. No cenário local, temos toda a parte da eleição que vai se estender durante o ano e um crescimento menor que tivemos no ano passado — disse.

Na cena interna, a sanção do orçamento de 2022 foi publicada na edição do Diário Oficial da União.

O presidente Jair Bolsonaro manteve os R$ 1,7 bilhão reservados para o reajuste de servidores federais e vetou R$ 3,184 bilhões em despesas de diversas áreas.

Bolsonaro havia prometido conceder um reajuste para policiais federais. O anúncio gerou insatisfação em outras categorias do funcionalismo público, levando o governo a cogitar um recuo.

Petróleo cai

Os preços do petróleo negociados no exterior caíram. O preço do contrato para março do petróleo tipo Brent cedeu 1,81%, negociado a US$ 86,30, o barril.

Já o do contrato para o mesmo mês do tipo WTI caiu 2%, cotado a US$ 83,44, o barril.

Ações da Vale caem

Entre as ações, as ordinárias da Petrobras (PETR3, com direito a voto) subiram 0,17% e as preferenciais (PETR4, sem direito a voto), 0,57%.

As ordinárias da Vale (VALE3) cederam 1,22% e as da Siderúrgica Nacional (CSNA3) subiram 0,74%.

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As preferenciais da Usiminas (USIM5) subiram 2,40%.

No setor financeiro, as preferenciais do Itaú (ITUB4) caíram 0,13% e as do Bradesco (BBDC4) subiram 2,11%.

Na ponta negativa, figuraram papéis mais ligados ao setor de tecnologia. As ordinárias do Magazine Luíza (MGLU3) cederam 7,39%.

As units do Banco inter (BIDI11) caíram 7,28% e as preferenciais do Banco Pan (BPAN4), 5,88%.

Mercado projeta inflação maior

A expectativa do mercado para a inflação ao final de 2022 subiu de 5,09% para 5,15%, segundo as estimativas contidas no Boletim Focus, relatório semanal divulgado pelo Banco Central (BC).

O número é superior ao teto da meta de 5% estipulada BC. A projeção para o término de 2023 foi mantida em 3,40%.

A expectativa para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) ao final deste ano foi mantida em 0,29%. Para o término de 2023, houve um corte de 1,75% para 1,69%.

No caso dos juros, as estimativas mantiveram-se inalteradas em 11,75% ao final de 2022 e 8% ao término de 2023.