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CPI ouve coronel da reserva citado como elo entre governo e vendedores de vacinas

CPI ouve coronel da reserva citado como elo entre governo e vendedores de vacinas

A CPI da Covid interrogou nesta terça-feira (10) um personagem envolvido nas negociações suspeitas de vacina da Davati.

O coronel Helcio Bruno Almeida é presidente do Instituto Força Brasil, uma entidade de apoio ao presidente Jair Bolsonaro, acusada pela cúpula da CPI de patrocinar campanhas contra vacinas, em defesa de medicamentos sem eficácia contra a Covid e antidemocráticas contra a própria comissão e o Supremo Tribunal Federal.

Apesar de defender publicamente a destituição de ministros do STF, o coronel recorreu ao tribunal para pedir o direito de permanecer em silêncio. E conseguiu, numa liminar concedida pela ministra Cármen Lúcia, contra quem ele fez campanha nas redes sociais.

O coronel Helcio Bruno foi citado por Luiz Dominghetti e Cristiano Carvalho, representantes da empresa americana Davati, como quem marcou o encontro no Ministério da Saúde para negociar a compra de 400 milhões de doses da vacina AstraZeneca. A AstraZeneca nunca autorizou a Davati a vender vacinas em nome do laboratório.

Ele disse que não conhecia Dominghetti e Cristiano, e que levou os dois para uma conversa com o secretário-executivo do Ministério da Saúde, coronel Élcio Franco, a pedido do reverendo Amilton Gomes de Paula, também acusado pela CPI de tentar usar de influência política para negociar as vacinas. Não explicou por que fez campanha contra vacinas, como a Pfizer e a CoronaVac, e, ao mesmo tempo, trabalhou para negociar imunizantes oferecidos por empresárias intermediárias.

Usando a liminar do STF, em vários momentos se recusou a responder as perguntas.

Renan Calheiros, relator da CPI: A negociação de vacinas e outros produtos farmacêuticos é parte do escopo de atuação da entidade?

Helcio: Senador, sobre esse ponto, por orientação dos meus advogados, permanecerei em silêncio.

Renan: Como Vossa Senhoria se aproximou dos gestores do Ministério da Saúde?

Helcio: Por orientação dos meus advogados, permanecerei em silêncio.

A tropa de choque governista manteve o discurso de que o ministério não gastou nem um centavo nem assinou contrato com os representantes da Davati e evitaram fazer perguntas ao coronel sobre as negociações.

O coronel não quis dizer os nomes dos parlamentares com quem mantém contato frequente, mas confirmou que fez campanha para Bolsonaro e que esteve com ele depois da posse.

Helcio Bruno foi questionado pelos senadores sobre as fake news e publicações antidemocráticas no site do Instituto Força Brasil. Numa delas, por exemplo, chamou os senadores da CPI da Covid de picaretas.

Simone Tebet: Vossa Senhoria, quando julgou todos nós, chamou todos nós de picaretas, infringiu o Código Penal, porque injuriou cada membro desta CPI. Então, acho que um pedido de desculpa evitaria qualquer tipo de processo criminal.

Helcio: Com certeza, senadora.

O vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues, da Rede, destacou que o empresário Otávio Fakhoury, vice-presidente do Instituto Força Brasil, é um dos principais financiadores da divulgação de fake news antidemocráticas contra adversários políticos do presidente Bolsonaro e o Supremo Tribunal Federal. Por conta disso, Fakhoury é investigado em dois inquéritos que correm no STF.

Randolfe citou vários encontros do coronel com o ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles, com o vice-presidente Hamilton Mourão e com Bolsonaro para mostrar a ligação dele e do governo com mensagens nas redes sociais impulsionadas por robôs.

Randolfe: O senhor frequenta o gabinete do presidente da República, o senhor tem estado sempre junto aos personagens desse governo. Não tem dissociamento entre o Instituto Força Brasil, entre essas redes de gabinete de ódio. Não tem aterramento, não tem. Não existe. Todas as razões apontam a correlação entre essas redes, entre o instituto dirigido por vossa senhoria e o governo do presidente da República.

E, mais uma vez, o coronel Helcio Bruno, que confirmou ser consultor no Brasil de uma empresa americana de inteligência, que fechou contratos de US$ 33 milhões com o Ministério da Defesa, se calou diante da acusação.

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