Saiba como será a Cúpula do Clima nesta quinta-feira

Uma surpresa foi a presença brasileira: além do presidente Jair Bolsonaro, foi convidada Sinéia Wapichana, do Conselho Indígena de Roraima (CIR), da Terra Indígena Raposa Serra do Sol

Por Daniela Chiaretti, Valor — São Paulo


A Cúpula de Líderes Climáticos convocada pelo presidente Joe Biden começa amanhã, às 9h no horário do Brasil. Há dois objetivos. O primeiro é estimular os países a aumentar a ambição nacional climática em várias frentes. O segundo é recolocar os Estados Unidos na liderança climática global, depois dos retrocessos do governo Trump.

A julgar pela programação, divulgada pelo Departamento de Estado dos EUA, a volta dos americanos ao tabuleiro da geopolítica climática se dará em grande estilo, tanto pela presença de líderes como pelas temáticas do encontro.

Uma surpresa foi a presença brasileira – além do presidente Jair Bolsonaro foi convidada Sinéia Wapichana, do Conselho Indígena de Roraima (CIR), da Terra Indígena Raposa Serra do Sol.

A cúpula virtual reunirá 40 líderes e durará dois dias. Será aberta por Biden e a vice-presidente Kamala Harris. O que se espera é que Biden anuncie a nova meta climática dos EUA. O país é o segundo maior emissor de gases-estufa do mundo. Espera-se que seja de 50% de redução em relação aos níveis de 2005.

Em seguida falam o secretário de Estado Antony Blinken e John Kerry, enviado especial da Casa Branca para o clima. Na sequência, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres.

Presidente brasileiro deve reforçar os pontos da carta enviada a Biden, em que se compromete a acabar com o desmatamento ilegal — Foto: Imagem Valor Econômico

Depois discursam os primeiros dos 40 chefes de Estado e de governo convidados. Serão três minutos para cada um dos 26 da primeira lista.

O presidente Jair Bolsonaro fala neste grupo e a expectativa é que reforce os pontos da carta enviada a Biden na semana passada. O ponto central da carta era o compromisso de acabar com o desmatamento ilegal em 2030. Bolsonaro falará ao vivo.

A surpresa da agenda liberada pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos é que Bolsonaro não será o único brasileiro a falar na Cúpula. Também está prevista a participação de Sinéia B. do Vale, mais conhecida como Sinéia Wapichana, do Conselho Indígena de Roraima (CIR), da Terra Indígena Raposa Serra do Sol.

Sinéia é uma das indígenas mais engajadas no debate climático há vários anos, foi a criadora e coordenadora do Comitê Indígena de Mudanças Climáticas na Funai e já participou de várias conferências de clima das Nações Unidas, as CoPs.

O presidente chinês Xi Jinping fala no primeiro bloco dos líderes junto com Alberto Fernandez (Argentina), Sebastián Piñera (Chile), Emmanuel Macron (França), Angela Merkel (Alemanha), Iván Duque Márquez (Colômbia), Narendra Modi (Índia), Mario Draghi (Italia), Vladimir Putin (Rússia) e Boris Johnson (Reino Unido), entre outros. Também discursará a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

O encontro depois se divide em duas sessões. A primeira é sobre investimentos em soluções climáticas. O desafio é como direcionar os trilhões de dólares do mercado financeiro e de investimentos privados aos esforços de descarbonização da economia.

Aqui estão previstas as falas da Secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, de John Kerry e da primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern. Vários líderes empresariais participarão deste momento -- Oliver Bäte (CEO da Allianz) e Jane Fraser (CEO do Citigroup), assim como Kristalina Georgieva, diretora do Fundo Monetário Internacional (FMI), e David Malpass, presidente do Banco Mundial.

O papa Francisco também deve discursar, assim como o presidente da CoP 26, Alok Sharma, e Xye Bastida, uma jovem ativista do movimento Fridays for Future, criado pela sueca Greta Thunberg, entre outros.

A outra sessão é sobre adaptação e resiliência. O secretário americano de agricultura, Tom Vilsack, é um dos participantes. Há muitos ministros de transporte, minas e energia, ambiente e mudança climática no painel.

No espaço dedicado a governadores, prefeitos e líderes indígenas fala Sinéia do Vale. Foram convidadas também lideranças de comunidades tradicionais e indígenas dos EUA e do Chad. O painel é aberto por Michael Regan, diretor da EPA, a agência ambiental dos EUA, que funciona como um ministério do Meio Ambiente.

Um painel forte é o dedicado à segurança climática, aberto pelo secretário de Defesa dos EUA, Lloyd J. Austin III. Aqui falam secretários e ministros da Defesa do Reino Unido, do Japão, da Espanha, entre outros. O secretário-geral da Otan discursa neste bloco.

O dia termina com o painel de soluções baseadas na natureza, um conceito que ganha força nas conferências internacionais e indica o papel-chave dos ecossistemas na redução de emissões e em fortalecer a resiliência climática. Falarão sobre isso ministros de Meio Ambiente do Canadá, da Costa Rica, do Gabão, da Indonésia, do Peru e da Índia, entre outros.

A cúpula também terá sessões na sexta-feira, dia 23. O tema de abertura será como estimular a inovação climática, pela secretária de Energia dos EUA Jennifer M. Granholm. Haverá discursos de alguns líderes, como o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, presença pouco comum a estas cúpulas, e a primeira ministra da Noruega, Erna Solberg.

Entre os palestrantes, Fatih Birol, diretor executivo da Agência Internacional de Energia.

A última sessão será sobre oportunidades econômicas da ação climática. Gina McCarthy, conselheira de ação climática, abre o painel que terá presidentes como Pedro Sánchez, da Espanha, e vários presidentes de empresas de energias alternativas. Falará também a secretária geral da International Trade Union, Sharan Burrow.

A cúpula de Biden termina com Michael Bloomberg, enviado especial das Nações Unidas para ambição climática e soluções, e o fundador da Microsoft, Bill Gates.

Mais recente Próxima Eduardo Bolsonaro diz que Salles é novo "alvo do sistema"

Agora o Valor Econômico está no WhatsApp!

Siga nosso canal e receba as notícias mais importantes do dia!