Rio Bairros

Moradores do Horto denunciam despejo de produtos químicos no Rio dos Macacos

No início de agosto, água amanheceu esbranquiçada. Apesar das reclamações, derrame agora ocorre duas vezes por semana
No dia 2 de agosto, a água do Rio dos Macacos amanheceu esbranquiçada Foto: Divulgação/TV Horto
No dia 2 de agosto, a água do Rio dos Macacos amanheceu esbranquiçada Foto: Divulgação/TV Horto

RIO — Responsável pela formação das cachoeiras do Jardim Botânico , o Rio dos Macacos é a principal bacia hidrográfica a desaguar na Lagoa Rodrigo de Freitas , na Zona Sul do Rio. Apesar da sua importância para o turismo, moradores do Horto garantem que produtos químicos são despejados em suas águas, semanalmente, desde os anos 1990.

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Diversas denúncias já foram feitas aos órgãos responsáveis, como o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) e a Secretaria municipal de Meio Ambiente. No entanto, o problema só piorou: o despejo agora ocorre duas vezes por semana, segundo eles.

A página virtual comunitária TV Horto, do morador Pedro Paulo Marins Maciel, costuma publicar fotografias e vídeos do rio colorido.

— Nós já o vimos vermelho, verde e branco. Às vezes, ele também fica com bastante espuma. Não sabemos como ninguém encontrou ainda o responsável por esse crime — diz Maciel.

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Sem o apoio dos órgãos de proteção ambiental, os moradores do Horto precisaram investigar, sozinhos, o mistério do rio colorido. As conclusões deles apontam para a Alsco Toalheiro Brasil, lavanderia industrial americana com diversas filiais no país. A sede carioca está localizada, há anos, na beira do Rio dos Macacos, na Rua Marquês de Sabará. Entre os serviços oferecidos pela Alsco está a higienização têxtil e de materiais. De acordo com seu site, todas as filiais contam com um sistema de gestão ambiental e foram implementadas dentro do “conceito de desenvolvimento sustentável”.

Em 1997, quando fazia vistorias na cidade, o biólogo Mario Moscatelli já acompanhava a contaminação química no Rio dos Macacos. No início deste mês, quando recebeu novas denúncias, percebeu que nada havia sido feito para solucionar o problema. A sua maior preocupação, no entanto, são as consequências desses despejos em um dos maiores pontos turísticos da cidade.

— A situação é grave porque esses químicos podem chegar na Lagoa Rodrigo de Freitas, no coração da cidade — desabafa Moscatelli.

A Alsco garante que as denúncias não têm fundamento. Já a Secretaria municipal de Meio Ambiente promete fazer uma vistoria no local. O Instituto Estadual do Ambiente (Inea) informa que o município é responsável pelo monitoramento dos corpos hídricos da cidade e que a empresa foi licenciada em 2005. Porém, essa licença expirou em 2010. Agora, nove anos depois, a prefeitura explica que a Alsco se encontra em “processo de renovação”.

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