RIO — Responsável pela formação das cachoeiras do Jardim Botânico , o Rio dos Macacos é a principal bacia hidrográfica a desaguar na Lagoa Rodrigo de Freitas , na Zona Sul do Rio. Apesar da sua importância para o turismo, moradores do Horto garantem que produtos químicos são despejados em suas águas, semanalmente, desde os anos 1990.
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Diversas denúncias já foram feitas aos órgãos responsáveis, como o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) e a Secretaria municipal de Meio Ambiente. No entanto, o problema só piorou: o despejo agora ocorre duas vezes por semana, segundo eles.
A página virtual comunitária TV Horto, do morador Pedro Paulo Marins Maciel, costuma publicar fotografias e vídeos do rio colorido.
— Nós já o vimos vermelho, verde e branco. Às vezes, ele também fica com bastante espuma. Não sabemos como ninguém encontrou ainda o responsável por esse crime — diz Maciel.
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Sem o apoio dos órgãos de proteção ambiental, os moradores do Horto precisaram investigar, sozinhos, o mistério do rio colorido. As conclusões deles apontam para a Alsco Toalheiro Brasil, lavanderia industrial americana com diversas filiais no país. A sede carioca está localizada, há anos, na beira do Rio dos Macacos, na Rua Marquês de Sabará. Entre os serviços oferecidos pela Alsco está a higienização têxtil e de materiais. De acordo com seu site, todas as filiais contam com um sistema de gestão ambiental e foram implementadas dentro do “conceito de desenvolvimento sustentável”.
Em 1997, quando fazia vistorias na cidade, o biólogo Mario Moscatelli já acompanhava a contaminação química no Rio dos Macacos. No início deste mês, quando recebeu novas denúncias, percebeu que nada havia sido feito para solucionar o problema. A sua maior preocupação, no entanto, são as consequências desses despejos em um dos maiores pontos turísticos da cidade.
— A situação é grave porque esses químicos podem chegar na Lagoa Rodrigo de Freitas, no coração da cidade — desabafa Moscatelli.
A Alsco garante que as denúncias não têm fundamento. Já a Secretaria municipal de Meio Ambiente promete fazer uma vistoria no local. O Instituto Estadual do Ambiente (Inea) informa que o município é responsável pelo monitoramento dos corpos hídricos da cidade e que a empresa foi licenciada em 2005. Porém, essa licença expirou em 2010. Agora, nove anos depois, a prefeitura explica que a Alsco se encontra em “processo de renovação”.
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