BRASÍLIA — O vice-presidente Hamilton Mourão afirmou nesta terça-feira que não há espaço no Orçamento para o reajuste a servidores. Com o prazo para a sanção do Orçamento de 2022 chegando ao fim, diversas categorias do funcionalismo público promoveram manifestações em Brasília durante a manhã.
Questionado se era possível oferecer um aumento para os servidores que buscam aumento, Mourão disse que não há certeza sequer do reajuste para forças de segurança.
Mercado financeiro: Bolsa e dólar têm volatilidade, de olho no exterior e em atos de servidores
— Não tem espaço no Orçamento para isso. Não sei nem se o presidente vai conceder isso daí (aumento para agentes da Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e Departamento Penitenciário Nacional). Vamos aguardar a decisão do presidente. O espaço orçamentário é muito pequeno — disse Mourão.
As manifestações desta terça-feira não são consideradas suficientes para fazer o presidente Jair Bolsonaro recuar da promessa de conceder aumento somente para a Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e agentes penitenciários, de acordo com fontes do governo. Integrantes das forças de segurança são uma base de apoio importante para o presidente que tentará a reeleição.
O Palácio do Planalto acompanhou ao longo desta terça-feira manifestações nas ruas de Brasília e a paralisação de atividades em movimento, que pedem até 28% de reajuste. A avaliação é que a repercussão do protesto foi pequena e, portanto, sem força de mudar o cenário. Porém, o tema segue em discussão no governo, envolvendo a ala política e o Ministério da Economia.
O presidente tem até sexta-feira para decidir sancionar o Orçamento de 2022, no qual foi reservado R$ 1,9 bilhão para conceder o aumento às categorias de segurança pública.
De acordo com integrantes no governo, somente se o movimento ganhar corpo, que provoque um desgaste político acentuado, Bolsonaro poderá rever o posicionamento e vetar o aumento para as forças de segurança federais. A hipótese de Bolsonaro conceder o reajuste a todos os servidores é considerada remota pela falta de espaço no Orçamento.
Auxiliares têm argumentado que a pressão de servidores tem sido usada politicamente pela oposição em ano eleitoral. Lembram ainda que a promessa de reajuste para policiais era uma promessa da campanha de 2018, que o presidente está disposto a cumprir.
Por outro lado, apostam que o pleito de servidores da elite do funcionalismo não ganhe o apoio da sociedade diante do cenário econômico. Analistas do Banco Central, com salário inicial de R$ 19.197,06, estão entre as categorias que buscam reajustes, embora servidores de outras áreas, com piso salarial mais baixo, também já comecem a se juntar na reivindicação.
A insatisfação dos servidores ganhou corpo após Bolsonaro se empenhar pessoalmente num reajuste apenas para a Polícia Federal, a Polícia Rodoviária Federal e agentes penitenciários.
Aumento para poucos: Só Polícia Federal e PRF tiveram ganho real entre os servidores em dez anos
Bolsonaro irá sancionar o Orçamento deste ano até esta sexta-feira. Segundo cálculos da equipe econômica, o texto subestima os gastos com pessoal e despesas de ministérios. Por isso, além de não haver espaço para novos reajustes, o Palácio do Planalto avalia fazer um veto de até R$ 9 bilhões de reais para fechar as contas.