Por G1


Khalida Popal, ex-capitã da seleção afegã de futebol, em foto sem data — Foto: Reprodução/Instagram/Khalida Popal

As mulheres serão proibidas de praticar esportes no Afeganistão, afirmou um dos líderes culturais do Talibã, Ahmadullah Wasiq, em uma entrevista a uma rede de TV da Austrália, a SBS.

Segundo Wasiq, esporte feminino é algo inapropriado e desnecessário. Ele falou especificamente sobre o críquete, que é muito praticado naquela região da Ásia.

“Eu não acho que não será permitido às mulheres jogar críquete, porque não é necessário que as mulheres joguem críquete. No críquete, elas podem estar em situações em que o rosto e o corpo delas não estejam cobertos, e o Islã não permite que elas sejam vistas dessa forma”, afirmou ele.

VÍDEO: O que esperar do futuro das mulheres no Afeganistão?

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“Essa é a era da mídia, haverá fotos e vídeos [de mulheres praticando esportes], e as pessoas poderão assistir. O Islã e o Emirado Islâmico (a forma como o Talibã se refere ao próprio regime) não permitem que as mulheres joguem críquete ou os esportes em que elas ficam expostas”, afirmou ele, segundo o jornal “The Guardian”.

Governo provisório sem mulheres

Na terça-feira (7), os líderes do Talibã anunciaram os primeiros nomes do governo provisório do Afeganistão. Não há nenhuma mulher. Todos os ministros são talibãs.

Nesta quarta-feira, a União Europeia disse que o grupo extremista não cumpriu o pacto de incluir grupos diferentes na formação do governo.

A União Europeia reclamou principalmente da falta de diversidade étnica e religiosa.

O bloco havia estabelecido cinco condições para ter uma relação com o Talibã, e entre essas estava a de formar um governo de transição inclusivo e representativo.

Protesto por direitos das mulheres

No dia 4 de setembro houve um protesto pelos direitos das mulheres em Cabul, a capital do país. Naquela ocasião, as mulheres afirmam que o Talibã as alvejou com gás lacrimogêneo e spray de pimenta enquanto tentavam caminhar de uma ponte até o palácio presidencial.

Houve outros protestos semelhantes em Cabul e também em Herat, a terceira maior cidade do Afeganistão.

As mulheres reivindicavam o direito de trabalhar e serem incluídas no governo.

Mulheres só poderão estudar separadas de homens

O Talibã também determinou regras para que as mulheres possam frequentar as universidades: as estudantes afegãs terão que usar uma abaya (um vestido longo usado pelas muçulmanas) preta e um véu, o niqab, que cobre o rosto deixando apenas os olhos à mostra.

As aulas não serão mistas, segundo um decreto publicado pelo novo regime talibã.

Além disso, as mulheres inscritas nestes estabelecimentos terão que sair da sala cinco minutos antes dos estudantes homens e aguardar, em salas de espera, até que eles deixem o local, de acordo com o decreto que tem data de sábado (4) e foi publicado pelo Ministério do Educação superior.

As universidades terão também que “recrutar professoras para as estudantes”, ou tentar contratar “professores idosos” cuja moralidade tenha sido testada.

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