NOVA YORK — Em uma reunião no Conselho de Segurança da ONU que terminou sem consenso para uma declaração pública sobre o conflito entre Israel e o Hamas, o embaixador israelense na ONU, Gilad Erdan, e o chanceler palestino, Riyad Al-Malik, trocaram acusações neste domingo. Erdan acusou o lado palestino de ter "premeditado" uma guerra com Israel e de querer "tomar o poder na Cisjordânia", enquanto Al-Maliki denunciou a "agressão" de Israel contra o "povo" palestino e seus "lugares sagrados".
Mais uma vez, os Estados Unidos foram na contramão do restante dos países-membros e bloquearam uma declaração condenando a violência e pedindo uma rápida interrupção dos confrontos, com a justificativa de que a manifestação do Conselho poderia ser "contraproducente", atrapalhando as conversas que estão em andamento entre governos estrangeiros e as duas partes.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, fez um apelo pelo fim da violência, que pode "desencadear uma crise incontrolável" .
— Este ciclo insensato de derramamento de sangue, de terror, de destruição, deve cessar imediatamente—, declarou o secretário-geral na abertura da sessão de emergência, organizada a pedido da China, Noruega e Tunísia. Foi a terceira reunião virtual, mas a primeira aberta a observadores.
Com a escalada de violência na região, já são 188 mortos em Gaza, incluindo 55 crianças, desde o início dos confrontos, na última segunda-feira. Em Israel, 10 pessoas, incluindo duas crianças, foram mortas em ataques com foguetes do Hamas e outros grupos armados de Gaza, como a Jihad Islâmica.
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— O Hamas optou por acelerar as tensões, usando-as como pretexto, para iniciar esta guerra. Não há justificativa para o lançamento indiscriminado de foguetes contra a população civil — afirmou o embaixador israelense, declarando que os palestinos "usam escudos humanos" aumentando o número de vítimas civis.
Edran — que celebrou o apoio dado a seu país por Washington — pediu ao Conselho de Segurança que condene os ataques com foguetes e disse que o Estado hebreu "não tinha outra opção" a não ser retaliar os ataques palestinos para detê-los.
O chanceler palestino, por sua vez, afirmou que "alguns não querem usar essas palavras — crimes de guerra e crimes contra a Humanidade — mas sabem que é a verdade."
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— Israel é implacável e implacável em sua política colonial — acusou Al-Maliki, conclamando o Conselho de Segurança a agir para impedir o ataque. — Quantos palestinos terão que morrer antes que haja uma condenação? Em que momento vão ficar escandalizados?
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A embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Linda Thomas-Greenfield, disse que os Estados Unidos "têm trabalhado incansavelmente, por meio dos canais diplomáticos, para tentar pôr fim a este conflito". — Porque acreditamos que israelenses e palestinos têm o direito de viver em segurança e proteção.
A China lamentou a "obstrução" dos EUA a uma declaração e instou o Conselho a "agir" para encerrar as hostilidades.
Ao iniciar a sessão virtual de emergência, neste domingo, Guterres reforçou que o "massacre continua".
— Este ciclo insensato de derramamento de sangue, de terror, de destruição, deve parar imediatamente, porque eles podem levar israelenses e palestinos a uma espiral de violência com consequências devastadoras para as duas comunidades e para toda a região — afrimou. — A violência tem o potencial de desencadear uma crise humanitária e de segurança incontrolável e de estimular ainda mais o extremismo, não apenas nos territórios palestinos ocupados e em Israel, mas em toda a região.
Dia com mais mortes
Neste domingo, ataques aéreos israelenses mataram 42 palestinos, incluindo 16 mulheres e 10 crianças, na Faixa de Gaza, no sétimo dia do confronto entre Israel e o Hamas. Os combatentes do Hamas revidaram com foguetes. Os ataques destruíram três edifícios residenciais no centro da Cidade de Gaza. De acordo com a agência de notícias AP, 30 dos 42 mortos pertenciam à mesma família, a al-Kolak, e incluíram um bebê de 1 ano, Qusay, e uma criança de 3, Adam.
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Entre os mortos estava também o médico Ahmad Abu al-Aouf, de 51 anos, chefe do Departamento de Medicina Interna do Hospital al-Shifa, o principal de Gaza, e integrante do seu comitê de combate ao coronavírus. Dois dos cinco filhos do médico também morreram sob os escombros.
Em seguidos ataques aéreos na manhã de segunda-feira (horário local), os militares israelenses disseram que atingiram a casa de Yehya Al-Sinwar, no sul da cidade de Gaza. Sinwar, que foi libertado de uma prisão israelense em 2011, dirige as alas política e militar do Hamas em Gaza.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, por sua vez, disse que a campanha de Israel em Gaza, controlada pelo Hamas, continua com "força total".
— Estamos agindo agora, pelo tempo que for necessário, para restaurar a calma e o sossego a vocês, cidadãos de Israel. Isso levará tempo.