Por Arthur Guimarães, Carlos de Lannoy, Leslie Leitão, Marco Antônio Martins e Henrique Coelho, TV Globo e G1 Rio


VÍDEO: Investigação do Caso Henry contou com 'equipamento tecnológico de última geração', diz delegado

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O delegado Antenor Lopes, diretor do Departamento Geral de Polícia da Capital (DGPC), disse que o software israelense Cellebrite Premium que recuperou mensagens apagadas dos celulares de Dr. Jairinho (vereador expulso do Solidariedade) e Monique Medeiros foi fundamental para a prisão do casal nesta quinta-feira (8). Para a polícia, não há dúvida de que Henry Borel foi assassinado no início de março pelo padrasto e pela mãe.

“[O software] Contribuiu de maneira muito importante para a investigação”, afirmou.

Caso Henry: entenda a tecnologia usada pela polícia para recuperar mensagens em celulares

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A importância do uso do software na elucidação no caso foi antecipado pela colunista Berenice Seara, do jornal "Extra", na manhã desta quinta (8).

Ainda durante a coletiva desta quinta (8), o delegado Henrique Damasceno disse que a polícia encontrou uma conversa do dia 12 de fevereiro que relata agressões de Jairinho.

Por mensagens trocadas com Monique, a babá narrou em tempo real o que acontecia na casa no dia 12 de fevereiro. Segundo a conversa recuperada pela polícia, após ter ficado trancado com Jairinho em um dos quartos, o menino disse que levou uma rasteira e chutes.

“Nós encontramos no celular da mãe prints de conversa que foram uma prova extremamente relevante, já que são do dia 12 de fevereiro. E o que nos chamou a atenção é que era uma conversa entre a mãe e a babá que revelava uma rotina de violência que o Henry sofria. A babá relata que Henry contou a ela que o padrasto o pegou pelo braço, deu uma rasteira e o chutou. Ficou bastante claro que houve lesão ali. A própria babá fala que o Henry estava mancando".

Henry Borel: Dr. Jairinho e Monique chegam na delegacia após prisão

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O laudo da morte de Henry, levado pelo casal já sem vida a um hospital na madrugada de 8 de março, aponta sinais de violência. No dia, só Jairinho, Monique e a criança estavam no apartamento. O casal foi preso temporariamente nesta quinta-feira (8) por suspeita de homicídio duplamente qualificado de Henry e por tentar atrapalhar as investigações.

"Hoje temos todos os elementos probatórios e podemos sim afirmar que temos provas que essa criança [Henry] foi assassinada e não foi vítima de um acidente doméstico. O Cellebrite foi uma prova técnica essencial, muito forte, onde o delegado [Damasceno] embasou seu pedido de prisão, que é corroborado pelo Ministério Público e acabou sendo deferido pela juíza do 2º Tribunal do Júri", disse Lopes.

"As demais provas técnicas da simulação e laudos médicos legais estão sendo finalizados e serão oportunamente juntados aos autos", completou.

O delegado conta que havia um processo de licitação para a compra desse equipamento de rastreamento que estava parado havia mais de dois anos. 

"O governador Cláudio Castro, sensibilizado com esse caso, liberou verba no último dia 31 e conseguimos adquirir esse equipamento de última geração, que foi fundamental para o esclarecimento desse caso. Conseguimos obter provas importantíssimas que levaram o delegado a solicitar o pedido de prisão à Justiça. O Ministério Público nos apoiou integralmente e hoje efetuamos a prisão do casal", disse o diretor do DGPC.  

Em entrevista ao rádio Band News, nesta manhã, Lopes elogiou o trabalho técnico e competente da equipe da 16ª DP ( Barra da Tijuca), que teve à frente o delegado Henrique Damasceno. 

Troca de mensagens entre Monique Almeida e Thaina Ferreira, babá de Henry — Foto: Reprodução

Corpo da criança no IML

O delegado contou que na véspera da prisão, a polícia conseguiu um importante depoimento de um executivo da área da saúde confirmando que Jairinho tentou liberar o corpo do menino no Hospital Barra D'Or sem que ele passasse pelo Instituto Médico Legal (IML).

VÍDEO: Executivo afirma que Dr. Jairinho pediu agilidade para emissão de atestado de óbito de Henry

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"Ou seja, o corpo não sofreria a perícia e não teríamos como afirmar que essa criança foi assassinada. Mas isso não ocorreu. A equipe do Barra D'Or foi extremamente profissional. O próprio executivo foi profissional e cuidadoso. Ele percebeu que o pedido não tinha razoabilidade e colaborou com as investigações. É mais uma prova importante", disse Lopes.

Ele disse que as investigações sobre o caso continuam e que espera concluir o inquérito nos próximos dias para que o casal seja levado à Justiça e julgado pelo crime.

"As mensagens que foram obtidas através de uma prova técnica de fato comprovam que essa criança vinha sofrendo agressões dentro do apartamento. Agressões praticadas pelo vereador e médico Dr. Jairinho. Todas as provas técnicas serão juntadas ao inquérito policial, mas neste momento podemos afirmar sim que houve toda uma arquitetura incompreensível caso fosse um acidente, a combinação de depoimentos. Algo que não se espera de uma família enlutada. Todas as provas técnicas estão sendo finalizadas", disse Lopes.

O delegado declarou ainda que pode afirmar que a mãe de Henry tinha conhecimento das agressões.

"E como ela é mãe, essa omissão dela é realmente relevante. Por isso, ela está sendo responsabilizada nesse ato por esse crime. O casal parecia bem unido até no momento da prisão, eles estavam dormindo juntos na casa da tia de Jairinho. E mesmo depois da morte do menino, a mãe apresenta a todo momento essa versão protegendo o vereador", disse Lopes, acrescentando que não há nenhuma prova que mostre que Monique estava sendo ameaçada por Jairinho, caso procurasse a polícia.

O delegado disse que vai tentar esclarecer se houve alguma ameaça por parte de Jairinho à babá, que teria mentido em seu depoimento na delegacia. A polícia está finalizando apurações técnicas e juntando laudos complementares ao inquérito.

"O inquérito ainda não está 100% encerrado, ainda faltam algumas diligências, que nós esperamos que sejam concluídas nos próximos dias", disse Lopes.

O que dizem os citados

O advogado de defesa do Dr. Jairinho e de Monique Medeiros afirmou que os clientes não têm nada a esconder sobre a morte do menino.

Dois dias antes de ser presa, a mãe de Henry criou um perfil em uma rede social com o nome do filho. Nas publicações, além de homenagens ao menino, Monique afirma que o casal é inocente e que quer justiça.

Relembre o caso

VÍDEO: O que se sabe sobre a morte do menino Henry Borel, no Rio

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Henry Borel, de 4 anos, morreu na madrugada do dia 8 de março, após ser encontrado pela mãe caído em um dos quartos do apartamento onde vivia com ela e com seu padrasto. O laudo do Instituto Médico-Legal aponta “hemorragia interna e laceração hepática [danos no fígado] causada por uma ação contundente [violenta]”.

O boletim do hospital, onde Henry chegou às 3h50, informa que Monique e Jairinho disseram ter ouvido barulho emitido pela criança e se levantaram para ver o que aconteceu no quarto.

A médica Viviane dos Santos Rosa relatou que Monique e Jairinho disseram que encontraram a criança mole "após ouvirem um barulho no seu quarto sem resposta ao chamado da mãe".

No entanto, no depoimento à polícia, o casal não mencionou qualquer barulho feito pelo menino.

VÍDEOS: caso Henry

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