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Política

Lula inclui Eduardo Paes e Rodrigo Maia em articulação para montar palanque no Rio

Petista trabalha para tentar incluir o PSD do prefeito do Rio em aliança com Marcelo Freixo, que deixou o PSOL para ir para o PSB; em reunião, ex-presidente disse que hora de ser 'generoso' com alianças
Lula se reúne com Paes no Rio de olho nas eleições de 2022 Foto: Reprodução
Lula se reúne com Paes no Rio de olho nas eleições de 2022 Foto: Reprodução

RIO e SÃO PAULO — Na sequência das articulações políticas que iniciou após recuperar os seus direitos políticos em março, o ex-presidente Lula se encontrou nesta sexta-feira (11) com o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), em um almoço no Palácio da Cidade. O ex-presidente da Câmara, Rodrigo Maia, também era um dos convidados do encontro, assim como presidente da OAB, Felipe Santa Cruz.

A disputa eleitoral do Rio no próximo ano deve fazer parte da conversa. Nesta quinta-feira, Lula se reuniu, entre outros, com o deputado Marcelo Freixo, que deve se filiar ao PSB nas próximas semanas. O petista tem ajudado nas articulações para a viabilizar a candidatura do parlamentar ao governo do Rio no próximo ano. A ideia é incluir o PSD na aliança.

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Paes tem colocado como opção lançar a candidatura de Santa Cruz, ao governo estadual. Segundo a colunista Bela Megale, Santa Cruz vai participar do almoço desta sexta-feira. Outro que estará presente é Maia, que negocia a entrada em um novo partido após romper com o DEM.

Uma opção citada por petistas é que Santa Cruz seja vice de Freixo ou candidato ao Senado na chapa. O deputado Alessandro Molon (PSB), que também participou da reunião com Lula nesta quinta-feira, tenta se viabilizar para ser o candidato a senador da chapa.

Na reunião, que durou cerca de três horas, Lula disse que é hora de ser "generoso" com as alianças para a eleição do ano que vem para poder enfrentar uma disputa que descreveu como dura e importante. Em seu discurso, fez acenos ao PSB e evitou críticas diretas ao PDT, partido do possível candidato à Presidência em 2022 Ciro Gomes. O ex-presidente lamentou que a legenda de seu ex-ministro esteja longe da articulação para uma frente ampla.

O Rio é o segundo destino de Lula após o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), anular as suas condenações na Operação Lava-Jato. No começo de maio, Lula esteve em Brasília, onde se reuniu, entre outros, com Maia, com o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, e com lideranças do MDB.

Segundo a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, o objetivo é formar uma aliança para se contrapor ao candidato que for apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro na corrida pelo governo do Rio. O estado é visto como uma das disputas eleitorais chave para a candidatura presidencial de Lula.

— Temos uma eleição em dois turnos. Não precisa estarem todos no mesmo palanque no primeiro turno. O importante é o caminho ser democratico e que se tenha projeto para desenvolver o Rio de Janeiro e não para disseminar ódio e mentira — afirmou Hoffmann.

A mulher de Freixo, a escritora e roteirista Antonia Pellegrino, se filiou ao PT durante a reunião de quinta, junto com o reitor da Universidade Estadual do Rio (Uerj), Ricardo Lodi.

Palanques estaduais

Apesar não admitir claramente que será candidato a presidente no ano que vem, Lula tem se dedicado à construção dos palanques estaduais. Em São Paulo, a aposta é no ex-prefeito Fernando Haddad, que tem mantido encontros com apoiadores e dado entrevistas para rádios do interior do estado. Haddad, inclusive, acompanhou Lula em sua viagem a Brasília.

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O ex-presidente também entrou em campo para garantir que o PT não fique refém de outros partidos na eleição para o governo de Minas, o segundo estado com mais eleitores do país. Desde a redemocratização, nunca um presidente foi eleito sem obter a maioria dos votos entre os eleitores mineiros.

Em reunião com o ex-presidente, caciques petistas do estado decidiram lançar a pré-candidatura do deputado federal Reginaldo Lopes. Antes de Lula recuperar os seus direitos políticos, dirigentes do estado vinham cogitando uma composição para apoiar a candidatura do prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD).

Nos bastidores, é citada a possibilidade de os nomes de Reginaldo e até de Haddad, com menor chance, serem retirados no futuro se houver necessidade de uma composição que ajude a chapa de Lula a atrair mais partidos aliados.

—  Está se construindo um amplo consenso no PT de que a centralidade nossa em 2022 é a disputa nacional.Tudo que nós fizemos nos estados estará sincronizado com a disputa nacional em torno da candidatura de Lula. Candidaturas nos estados que não sejam vinculadas a isso não serão prioridades para nós — afirma o deputado José Guimarães (PT-CE), que coordena o grupo de acompanhamento das candidaturas nos estados.

Guimarães acrescenta que "a candidatura de Haddad em São Paulo é prioridade absoluta" diante das boas perspectivas de sucesso em razão das dificuldades enfrentadas pelo PSDB no estado, com o embate entre o ex-governador Geraldo Alckmin e o atual governador João Doria.

Depois da viagem ao Rio, Lula deve visitar o Nordeste em julho.

— O Lula tem procurado agregar forças políticas nesse processo de reconstrução do Brasil que ele quer fazer  — diz Guimarães.