LGBeauté: Magô Tonhon e Rapha Da Cunha (Foto: Divulgação)

LGBeauté: Magô Tonhon e Rapha Da Cunha (Foto: Divulgação)

Trabalhar com a diversidade da beleza de maneira genuína exige um olhar aberto. Mas também pede por técnica e experiência. Saber respeitar contornos, formatos e estilos diversos, sem uniformizar conceitos, é uma manobra desafiadora para profissionais que trabalham em um mercado que mudou muito em pouco tempo. E uma das maiores e mais importantes mudanças nesse processo é a inclusão, de maneira ampla, do público transgênero nos processos de beleza. Modelos, artistas e influenciadores passaram a ocupar as cadeiras de maquiagem de maneira bem mais assídua. E juntamente com a diversidade racial, étnica, social e cultural, a diversidade de gênero também requer expertise específica.

Nesse cenário, surgiu a LGBeauté, uma iniciativa das arquitetas de beleza Magô Tonhon e Rapha da Cruz. O projeto, além de atuar de maneira prática nos camarins e backstages, também presta consultoria para empresas que estão em busca de um posicionamento mais diverso, como Estée Lauder, L'Óreal, Wella e Netflix. Também participaramm de iniciativas como o curso Beleza É Diversidade, da Escola Madre, e na consultoria do projeto Babadeiras, sobre maquiagem para o públco trans, na Casa 1.

LGBeauté: Magô Tonhon e Rapha Da Cunha (Foto: Divulgação)

LGBeauté: Magô Tonhon e Rapha Da Cunha (Foto: Divulgação)


"Das dificuldades recorrentes em lidar com o cis-tema surgem trans-parcerias, onde passam a arquitetar as belezas de artistas transvestigêneres, assinando os rostos de potências imensas como Lea T, Alice Guél, Erika Hilton, Linn da Quebrada, Aretha Sadick, MC DELLACROIX, Manauara Clandestina, As Baías, MEL, Liniker, Urias e outras bonecas poderosíssimas", pontua o texto de apresentação do projeto.
 

Para levar suas ideias e questionamentos de maneira ainda mais abrangente, o LGBeauté, em parceria com o Centro Cultural São Paulo (CCSP), lançou uma série de masterclasses com cinco episódios batizada de "É Preciso TransVer o Mundo", tratanto, na mesma intensidade, sobre consciência de imagem e técnicas de maquiagem.

Episódio 1
PELE, PORÉM POSSÍVEL
"Pensar em pele possível tem a ver com tornar possível a nossa pele, com ou sem maquiagem. Não necessariamente tem a ver com cobertura de pele. Não necessariamente tem a ver com um discurso clichê, de que você precisa aceitar a sua pele da noite para o dia", (Magô Tonhon)


Episódio 2
RACISMO: TOM E SUBTOM
"É sobre a ideia de padrão que permeia a indústria da beleza. Se você digitar 'Beauty' no Google, você logo vai ver que são raras, apesar de existentes, as fotos de mulheres negras presentes. Se você digitar 'Beleza Anos 90', vai aparecer apenas pessoas brancas enquanto exemplo". (Magô Tonhon)

Episódio 3
CONTORNO & ILUMINAÇÃO: ESCULPINDO O CORPO MAGRO
"As técnicas de luz e sombras, conhecidas como contorno e iluminação< Mas já eram apelidadas há muito tempo nos palcos e espetáculos como quebração. Mas quem desenvolveu essa ideia foi o maquiador famoso chamado Max Factor, lá na década de 1930. Ele inventou uma máquina, que parecia uma máquina de tortura, a Callibration Machine, que media milimetricamente as áreas do rosto para mapear as áreas de luz e sombra, criando um rosto perfeito" (Rapha Da Cruz)


Episódio 4
Olhos: AS LENTES QUE ESCOLHEMOS E OS DISCURSOS QUE COLOCAMOS
"Produtos, ferramentas, acabamento, técnica, sempre pensando nos diferentes formatos de olhos. E ainda que seja um dos momentos onde mais dá para pirar criatividade em todas essas texturas, cores, formatos, existem sim alguns aspectos técnicos que podem servir de base na hora dessas criações. Quando se fala sobre olhos na maquiagem, se fala também sobre o olhar". (Rapha Da Cruz)

Episódio 5
Lábios: PARA QUEM TEM FOME DE MUDANÇA
“Na nossa aposta, se você tem consciência e não se sente pronta para novas formas, tá tudo bem, também. Nada de criar novas regras, deixando de considerar os nossos processos. O ideal não é que a gente imponha novas imagens e novas categorias de beleza. Mas que a gente possa construir aquela que melhor nos cabe e menos nos aperta”. (Magô Tonhon)