Por Matheus Rodrigues, G1 Rio


Bolsonaro faz passeio de moto com apoiadores no Rio de Janeiro

Bolsonaro faz passeio de moto com apoiadores no Rio de Janeiro

O presidente Jair Bolsonaro provocou aglomeração durante um passeio de moto na manhã deste domingo (23), no Rio de Janeiro, em meio a uma multidão de motociclistas vindos de várias partes do país.

O trajeto foi de cerca de 60 quilômetros, entre a Barra da Tijuca, Zona Oeste da cidade, e o Aterro do Flamengo, na Zona Sul. Bolsonaro cumprimentou sem máscara, tocou e conversou com diversos apoiadores, também sem máscara, infringindo norma local para conter o avanço da Covid-19.

Um decreto do governo do Rio prevê o uso obrigatório de máscara em lugares públicos e também o distanciamento mínimo de 1,5 metro. Muita gente não respeito essas determinações.

A CPI da Covid no Senado, que investiga ações e omissões do governo federal na gestão da pandemia, deverá pedir à Prefeitura do Rio esclarecimentos sobre a aglomeração com participação do presidente, segundo informou o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP)

Presidente Bolsonaro lidera carreata de apoiadores no Rio de Janeiro — Foto: Pilar Olivares / Reuters

O passeio de moto, seguido de discurso de Bolsonaro e seus apoiadores, teve a participação de políticos como o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, e o ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello. No início de maio, Bolsonaro já havia feito passeio de moto por Brasília.

Bolsonaro chegou ao Rio de helicóptero, por volta das 9h30, e foi recepcionado pelo governador Cláudio Castro no Parque Olímpico, na Barra da Tijuca. De lá, seguiu para onde estavam seus apoiadores, reunidos em grande parte também sem máscara.

Após cumprimentar os presentes, tocando em vários deles e também conversando, Bolsonaro seguiu de moto, acompanhado pela multidão de motociclistas, em direção ao Monumento dos Pracinhas, no Aterro. O trajeto era feito também por batedores da Polícia Rodoviária Federal, que abriam o caminho com interdição das vias.

Ao longo do trajeto, houve muitas manifestações de apoio de pessoas nas calçadas, e também protestos e panelaço contra o ato.

Moradores batem panela contra passeio de moto de Bolsonaro com apoiadores no Rio

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Presidente Jair Messias Bolsonaro e ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello em ato organizado por motoqueiros — Foto: Jorge Hely/Framephoto/Estadão Conteúdo

Discurso ao lado de Pazuello e fala sobre pandemia

Na chegada ao Aterro, Bolsonaro e outros políticos que o apoiam discursaram em um carro de som. Ao lado do ex-ministro Pazuello, Bolsonaro agradeceu aos motociclistas, voltou a criticar medidas de lockdown e, como já tinha feito em outras ocasiões, sem apresentar dados científicos, disse que a pandemia está no fim.

“Estamos ainda num momento difícil, mas, se Deus quiser, logo ele passará”, disse.

O presidente não comentou sobre a campanha de vacinação no país, que vem desacelerando.

Nos últimos dias, o Instituto Butantan, que produz a CoronaVac, e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), responsável pela AstraZeneca, interromperam as suas produções por falta de insumos. As duas vacinas são as únicas do Programa Nacional de Imunizações (PNI), do Ministério da Saúde, produzidas no Brasil.

O ex-ministro Pazuello foi à manifestação com Bolsonaro no Rio poucos dias após depor na CPI da Covid, e ser acusado por senadores de mentir e tentar proteger o presidente Bolsonaro.

Depois do ato, Bolsonaro seguiu em viagem para Quito, capital do Equador, para acompanhar a posse do novo presidente, Guilherme Lasso.

Manifestações inconstitucionais

A Polícia Miliar informou que foram mobilizadas mais de 20 unidades da corporação, com cerca de 1.000 agentes, para fazer a segurança do evento.

A multidão de motociclistas carregava bandeiras do Brasil e cartazes que incluíam pedidos de intervenção militar e críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF). Pela Constituição, vigora no Brasil o regime democrático. Portanto, uma intervenção militar seria ilegal. A Constituição também determina que Congresso e STF fazem parte dos poderes da República e devem ter autonomia.

O estado do Rio tinha, até sábado (22), 49.438 mortes e 839.623 casos de Covid-19. Já a taxa de ocupação de leitos Unidades de Tratamento Intensivo (UTI) no estado chega a 84%.

Apoiadores de Bolsonaro se reúnem antes de carreata no Rio de Janeiro — Foto: Pilar Olivares / Reuters

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