Mundo Coronavírus

Diante do 'pior momento da pandemia', Argentina anuncia novo confinamento total a partir de sábado

Medidas serão válidas por nove dias, e poderão ser ampliadas caso não haja queda no número de infecções; média móvel de casos está acima de 20 mil diários desde meados de abril
Pessoas com sintomas do novo coronavírus aguardam para serem testadas do lado de fora de hospital em Buenos Aires Foto: JUAN MABROMATA / AFP
Pessoas com sintomas do novo coronavírus aguardam para serem testadas do lado de fora de hospital em Buenos Aires Foto: JUAN MABROMATA / AFP

BUENOS AIRES — O governo da Argentina anunciou que, a partir de sábado, o país entrará em um novo período de confinamento total para conter o que o presidente Alberto Fernández chamou de “o pior momento da pandemia” da Covid-19. Nas últimas 24 horas, foram registrados 35.884 casos e 435 mortes, indicando um cenário de segunda onda da doença — desde o dia 11 de abril, a média móvel está acima de 20 mil casos diários. A ocupação de leitos de UTI está em torno de 75%.

O ritmo de vacinação também é considerado lento, com apenas 4,7% da população completamente imunizada, embora 18,7% tenham recebido ao menos uma dose.

— Aproveitando que a próxima semana terá apenas três dias úteis, vamos restringir a circulação em todas as regiões do país que estejam em alto risco ou em alerta epidemiológico — declarou Fernández, em pronunciamento na TV. Hoje, a maior parte do território argentino, incluindo a capital, Buenos Aires, se encontra em uma das duas situações.

As restrições passam a valer a partir da zero hora de sábado até a meia-noite do dia 30 de maio. Neste período, estarão suspensas todas as atividades sociais, econômicas, educativas, religiosas e desportivas de forma presencial, afirmou o presidente. Apenas o comércio considerado essencial poderá funcionar, além de estabelecimentos que trabalhem com entregas em domicílio. A circulação estará restrita a áreas próximas às residências, e apenas entre as seis da manhã e seis da tarde — demais casos precisam ser justificados.

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— Sempre falo a verdade a vocês, e podem estar de acordo ou não com o que penso, mas há verdades que estão acima das desavenças. Estamos vivendo o pior momento desde que começou a pandemia — declarou o presidente.

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Ele ainda criticou decisões recentes, como sobre a retomada das aulas presenciais em Buenos Aires, uma decisão do prefeito local avalizada pela Suprema Corte, e apontou que a segunda onda se deve muito ao não cumprimento de medidas de contenção hoje em vigor.

Fernández anunciou ainda os planos para depois do fim desse período de confinamento. Segundo ele, entre os dias 31 de maio e 11 de junho, serão retomadas as atividades permitidas no atual momento, com a possibilidade de restrições mais duras em regiões consideradas problemáticas.

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Para mitigar os efeitos do novo período de confinamento, o governo anunciou a extensão de um programa de apoio a setores afetados pelos fechamentos, assim como o pagamento de auxílio a trabalhadores de setores considerados críticos, além da redução temporária dos encargos trabalhistas. Ainda haverá um aporte adicional para benefícios a famílias inscritas em programas de assistência social.

— Se cumprirmos as medidas que estamos apresentando, reduziremos o impacto da segunda onda. Se forem implementadas de maneira correta, os contágios vão diminuir e poderemos retomar as atividades suspensas temporariamente — concluiu Fernández.