Política

Bolsonaro reclama de soluço que já dura dez dias; entenda possíveis causas

Presidente apresentou dificuldade de falar nos últimos dias e apontou realização de implante dentário como origem
O presidente Jair Bolsonaro sofre de soluços há 10 dias Foto: ADRIANO MACHADO / REUTERS
O presidente Jair Bolsonaro sofre de soluços há 10 dias Foto: ADRIANO MACHADO / REUTERS

BRASÍLIA — O presidente está com soluços. Em meio a investigações e atritos com outros Poderes, Jair Bolsonaro ganhou nos últimos dias um novo motivo de preocupação, causado por contrações involuntárias do diafragma que dificultam a fala. Bolsonaro tem se queixado há mais de uma semana da situação, que, segundo ele, pode ter sido causada por remédios que ele tomou.

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A situação, que tem ficado em evidência durante entrevistas e discursos do presidente, chamou a atenção na internet: os termos “soluço” e “passa mal” estiveram entre as principais pesquisas relacionadas ao nome de Bolsonaro nos últimos sete dias, de acordo com a ferramenta Google Trends.

Bolsonaro demonstrou incômodo pela primeira vez no dia 5, quando, em sua tradicional conversa com apoiadores no Palácio da Alvorada, disse que estava falando pouco por ter feito dois implantes dentários no sábado anterior. Dias depois, durante uma entrevista na quarta-feira da semana passada, o presidente explicou que estava com soluço e afirmou que acreditava que a causa eram remédios:

Presidente apresentou dificuldade de falar nos últimos dias e apontou realização de implante dentário como origem
Presidente apresentou dificuldade de falar nos últimos dias e apontou realização de implante dentário como origem

— Estou com soluço há cinco dias. Fiz uma cirurgia para implante dentário no sábado. Talvez em função dos remédios que eu estou tomando, estou 24h por dia com soluço — disse, em entrevista à rádio Guaíba.

A situação se repetiu na quinta-feira, durante transmissão ao vivo em redes sociais, quando o presidente pediu desculpas e disse que talvez não conseguisse se “expressar adequadamente”.

O soluço virou até pauta da reunião de Bolsonaro com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, na segunda-feira . Fux, de acordo com um interlocutor, sugeriu um remédio para Bolsonaro.

Possíveis causas

O gastroenterologista Bernardo Martins, do Hospital Santa Lúcia Norte, em Brasília, explica que não é possível diagnosticar o paciente sem uma investigação médica. Entre as causas, há as mais variadas: a mais conhecida é a gastrointestinal, mas também pode ser estresse, ansiedade e alterações do sistema nervoso central, passando por diabetes, disfunção renal e chegando até mesmo a infarto e pneumonia.

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Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde
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Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde

— O soluço não é uma doença, é um sinal de que há alguma alteração no organismo. Quando a gente tem mais de 48 horas (de sintomas), tem que investigar. (...) Quando passa de uma semana, é persistente. Passa a ser refratário, porque a gente não consegue controlar — afirma o médico.

Segundo o especialista, é possível que os soluços sejam provocados pelo implante dentário, já que há relação com os nervos oral e frênico. Contudo, é pouco provável que haja relação com a facada que Bolsonaro sofreu em 6 de setembro de 2018, em Juiz de Fora, às vésperas das eleições presidenciais.

Na noite de segunda-feira, em nova conversa com apoiadores no Alvorada, o presidente disse que não estava “aguentando falar mais” e relatou que o soluço já durava 12 dias. Recentemente, Bolsonaro afirmou que terá que passar por uma cirurgia para corrigir uma hérnia. Será o sétimo procedimento do presidente desde o atentado que ele sofreu na campanha de 2018, embora nem todos tenham sido relacionados ao ataque.

A Secretaria de Comunicação Social (Secom) foi procurada para comentar a situação médica do presidente, mas não respondeu. Na entrevista à rádio Guaíba, ao ouvir a sugestão de que precisaria tomar um susto para acabar com o soluço, Bolsonaro desconversou, rindo:

— Por enquanto, não estou assustado com nada que acontece no governo.