Finanças
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Por Marcelo Osakabe, Valor — São Paulo


O discurso sem surpresas do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, reduziu o temor dos investidores globais sobre uma aceleração da normalização da política monetária americana. Com isso, o investidor voltou a demonstrar apetite por ativos de risco globais no pregão de hoje, inclusive o real. No Brasil, a divulgação de um IPCA acima do esperado ampliou a expectativa por um ciclo de altas da Selic maior, o que também beneficiou a moeda brasileira.

No fim da sessão, o dólar foi negociada a R$ 5,5792, queda de 1,67%. Com isso, o ganho acumulado em 2022 contra o real caiu para apenas 0,05%.

O dólar também perdeu força contra a maioria das divisas, emergentes ou desenvolvidas. Apenas 4 das 33 moedas mais líquidas do mundo se depreciavam no horário de fechamento brasileiro.

Desde o fim do ano passado, o Fed tem, através de comunicados oficiais ou de discursos de seus dirigentes, endurecido o tom contra a inflação e preparando a comunidade financeira para uma normalização da política monetária que deve ocorrer de forma mais rápida do que muitos esperavam. O discurso de Powell na audiência do Senado americano que confirmou sua recondução à direção do BC americano era uma janela para deixar mais concreta essa leitura.

Os comentários do dirigente, no entanto, foram um tanto mais moderados que o esperado por parte dos agentes. Powell reforçou que a autoridade monetária está inclinada a normalizar sua política este ano. No entanto, ao contrário do que têm feito alguns de seus colegas, que já defendem abertamente uma primeira alta de juros na reunião de março, ele se eximiu de dar qualquer indício sobre o cronograma do aperto monetário. Mais cedo, a presidente do Fed de Cleveland, Loretta Mester, havia afirmado à Bloomberg TV que um aumento de juros em março era provável.

Outro ponto que chamou a atenção foi a discussão sobre a redução do balanço de ativos do Fed, uma discussão da reunião de dezembro que pegou muitos de surpresa. Powell ponderou que deve isto “pode acontecer mais tarde este ano”, ressaltando ainda que decisões do tipo levam “entre duas e quatro reuniões para serem tomadas”.

"O discurso de posse de Powell não teve novidades. Lá fora, o dólar já vinha caindo um pouco contra o euro e as commodities. Por aqui, começaram a bater no dólar depois do meio dia", diz o gestor da Reag Investimentos, Antonio Machado. Em sua avaliação, o IPCA mais salgado que o esperado de dezembro também ajuda nessa dinâmica, ao reforçar o argumento por uma alta mais intensa da Selic no Brasil.

De acordo com o IBGE, o IPCA de dezembro subiu a 0,73% ante novembro, acima da mediana das expectativas colhidas pelo Valor Data, de 0,65%. Com isso, o índice fechou 2021 com alta de 10,06%, a maior desde os 10,67% de 2015. A difusão do IPCA também avançou, de 63,1% em novembro para 74,8% no mês passado.

Após a divulgação do dado, o Citi revisou sua projeção de alta da Selic na reunião de fevereiro de 100 pontos-base para 150. O banco também elevou a previsão para a Selic terminal, de 11,00% para 12,25%.

"Esses desdobramentos devem levar o Copom a manter a estratégia de elevação da Selic em mais de 1,50 ponto, para 10,75% na próxima reunião", diz o Citi, citando o IPCA, mas também a interrupção da tendência declinante das expectativas de inflação, a alta dos preços das commodities e o real mais fraco. "Olhando adiante, a escalada da ômicron no mundo e o aperto monetário antecipado e mais agressivo nos Estados Unidos devem restringir o processo desinflacionário em curso no Brasil."

Vale lembrar que amanhã é divulgado o CPI americano de dezembro e que, portanto, o alívio visto no pregão de hoje pode sucumbir novamente.

Para Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Mizuho no Brasil, a ação antecipada do BC americano pode, sim, impactar na política monetária brasileira. “Depende do câmbio. Enquanto o real permanecer perto dos atuais patamares, acredito que as questões domésticas, como a inflação, devem continuar a ser o principal driver da política monetária. Temos o alto nível da taxa de juros ajudando, de um lado, mas a preocupação fiscal e política atrapalhando, de outro. Mas é algo a ser monitorado”, diz.

— Foto: Pixabay

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