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Por Jornal Nacional


Pesquisa revela o impacto emocional da pandemia na vida dos estudantes

Pesquisa revela o impacto emocional da pandemia na vida dos estudantes

Os brasileiros tomaram conhecimento nesta sexta-feira (30) de um estudo sobre os efeitos da suspensão das aulas presenciais na saúde dos estudantes e também no interesse deles pela escola.

Ainda que não saíssem de casa, no último ano foi difícil saber onde eles estavam. “Fui percebendo essa apatia nas crianças. Aí começou, cada um ao seu modo - porque são três - a se isolar em seu mundo. Luna é muito fechada no mundo dela assistindo vídeos”, contou Daniele de Paschoal, microempresária e mãe de Luna, Dante e Brisa.

Luna de Paschoal Conceição, de 10 anos: Eu quis ficar mais na minha.

Repórter: Por quê?

Luna: Não sei, realmente não sei. Eu não queria conversar, não queria falar sobre isso.

“Dante muito impaciente, nada o satisfaz”, contou Daniele sobre outro filho.

“Irritado e mais entediado. Quando eu estou irritado, ninguém quer chegar perto de mim”, disse Dante de Paschoal Conceição, de 10 anos.

“Brisa um pouco entristecida e autocrítica muito grande”, confirmou mãe sobre Brisa.

“Muito, muito preocupada com o futuro. Como vou conseguir lidar com isso? Como vou conseguir ter um futuro brilhante, conseguir meus sonhos, como que eu vou fazer isso sozinha, sem ter ajuda do professor, dos meus colegas? Às vezes, me olho no espelho e eu não consigo reconhecer porque eu era uma pessoa muito diferente”, falou Brisa de Paschoal Conceição, de 14 anos.

Na discussão sobre o fechamento das escolas, pouco se falou de quem estava do lado de fora. É o que diz o diretor-executivo da Fundação Lemann, Denis Mizne:

“É o que mais importa. O que que está acontecendo com esses alunos? Onde é que eles estão, o que que eles estão vivendo enquanto eles perderam o local onde eles passavam uma parte muito significativa dia?”

A pesquisa da Fundação Lemann, do Instituto Natura e Datafolha ouviu os pais de alunos matriculados ou fora da escola e jovens de 10 a 15 anos.

Três em dez dizem que perderam o interesse pela escola, sete em dez sentem falta de estudar. Mais da metade ganhou peso. Quase a metade está dormindo mais, 44% dos jovens estão mais tristes e 60% sentem falta do convívio social e dos amigos.

A experiência não ensina a lidar com as emoções desses jovens. É que não há precedentes para um período tão longo de escolas fechadas. Educadores e psicólogos dizem que a lição que fica é que o ensino a distância não substitui a sala de aula. Longe, crianças e adolescentes ficam menos felizes.

“É possível realmente que todas as lacunas em termos de desenvolvimento social e emocional, agora, fiquem mais evidentes. As crianças e adolescentes têm uma capacidade de adaptação muito boa e dinâmica, rápida. Vão entrar nessa rotina que já era habitual e conhecida para eles, de uma forma muito tranquila e rápida”, disse o psiquiatra de crianças e professor da Universidade de São Paulo (USP) Guilherme Polanczyk.

“Eu acho que, de uma maneira torta, a gente está aprendendo o valor da educação. Eu espero que essa descoberta que a gente teve na pandemia, que o papel importantíssimo da escola, que a gente está vendo agora que ela está fazendo falta, o efeito disso sobre sociabilidade, saúde emocional das crianças, além da própria aprendizagem, que a gente consiga dar esse valor de verdade agora que as escolas estão finalmente reabrindo”, enfatizou Mizne.

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