Economia Imóveis

Imóvel na orla de Leblon e Ipanema fica caro até para ganhador da Mega-Sena

Prédio Juan Les Pins, na Delfim Moreira - Simone Marinho O Globo
Prédio Juan Les Pins, na Delfim Moreira - Simone Marinho O Globo

RIO - Semana passada, a Mega-Sena pagou mais de R$ 73 milhões a um único apostador. O maior prêmio dado este ano pela loteria da Caixa Econômica compra carros, viagens, festas e apartamentos. Apartamentos? Bem, se o sortudo de Santo André quiser investir no que há de mais luxuoso na área mais nobre do Rio, de frente para o marzão de Ipanema ou Leblon, só compra dois imóveis. Afinal, o metro quadrado mais caro da América Latina, que em alguns casos sai por mais de R$ 60 mil, teve uma unidade vendida há três semanas por R$ 32 milhões. Cenário bem diferente de 2001, quando um imóvel desse tope custava de R$ 6 milhões a R$ 7 milhões, e a maior Mega-Sena então, de R$ 32 milhões, valia cinco apartamentos premium.

O valor de hoje ultrapassa mansões de astros de Hollywood. A atriz Cameron Diaz vive em Los Angeles num casarão de quatro quartos e mais casa de hóspedes. Comprado há um ano, o imóvel vale US$ 10 milhões (R$ 17 milhões). Já o ator Matthew McConaughey mora com a mulher, a modelo brasileira Camila Alves, e os filhos numa casa de frente para o mar de Malibu, Califórnia. São quatro mil metros quadrados avaliados em R$ 16 milhões. Nem a milionária herdeira Paris Hilton, que fez para sua cadela uma casinha de R$ 525 mil, investiu tanto: sua mansão em Beverly Hills custou R$ 15 milhões.

Pois os milionários brasileiros que se dispuserem a pagar mais de R$ 30 milhões pelos apartamentos da Vieira Souto e da Delfim Moreira terão, sem dúvida, todo o conforto proporcionado por quatro ou cinco suítes, quartos de vestir, bibliotecas e piscinas. Além de salões de cem metros quadrados, emoldurados por uma bela vista e recheados de obras de arte - em paredes muitas vezes revestidas do mais fino mármore. Mas nada comparado ao espaço dos americanos. Afinal, mesmo as coberturas de Ipanema e Leblon não têm mais de 700 metros quadrados, ao menos originalmente. O que faz, então, esses imóveis custarem tanto?

- As dimensões, a qualidade dos acabamentos e o bom gosto na decoração - explica Marlei Feliciano, presidente da imobiliária Ética.

Já Vicente Coelho, diretor da Pronto Imóveis, reafirma que a localização é fundamental.

- É, sem dúvida, a questão mais importante. Mas claro que a vista também conta muito. Assim como o estado do imóvel e os espaços bem planejados, alguns deles por renomados arquitetos.

Fontes do mercado dizem que há pelo menos outros dois imóveis à venda em Ipanema por R$ 35 milhões e R$ 38 milhões. Um deles ficaria no edifício JK, que abrigou o presidente Juscelino Kubitschek, antes da criação de Brasília, e Caetano Veloso com a ex-mulher Paula Lavigne. De negócio concreto fechado ultimamente, sabe-se de um. Há três semanas, um apartamento de cerca de 600 metros quadrados no edifício Juan les Pins, no Leblon, foi negociado a R$ 32 milhões. O prédio é, ao lado do Cap Ferrat, em Ipanema, um dos mais caros do Rio. Somente o condomínio varia dos R$ 12 mil aos R$ 14 mil, grande parte em função de modernos aparatos de segurança.

Mas não são apenas os endereços tradicionais que sofreram esta mega-valorização. O novo prédio da Delfim Moreira, o Exclusivité, mal acaba de ser construído e já teve três, de seus cinco apartamentos, revendidos: e há quem tenha feito propostas de R$ 50 mil o metro quadrado ali - o que significa um valor total de R$ 22 milhões.

Para Marlei Feliciano, preços tão altos, mesmo em imóveis de alto luxo, são ruins para o mercado carioca pois acabam dificultando o fechamento de outros negócios:

- O volume de negócios já caiu 40% de outubro para cá, quando os preços da Zona Sul atingiram seu teto. Agora, eles estão na fase final de ajuste e preços tão altos assim acabam sendo nocivos.