28/02/2012 15h07 - Atualizado em 28/02/2012 18h33

Corpo de morador de rua queimado é enterrado no Entorno do DF

'Ele não merecia ter morrido do jeito que morreu', diz primo do jovem.
Outra vítima de ataque está lúcida e em estado estável, afirma hospital.

Do G1 DF

O corpo do morador de rua que foi queimado no último sábado (25), em Santa Maria, no Distrito Federal, foi enterrado na tarde desta terça-feira (28), no cemitério de Padre Bernardo (GO), a 111 quilômetros de Brasília.

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Poucas pessoas compareceram ao enterro. (Foto: Reprodução/ TV Globo)

Poucas pessoas compareceram ao enterro
(Foto: Reprodução/ TV Globo)

Cícero Miclos Tavares Júnior, primo da vítima, acompanhou o enterro e contou que o rapaz que teve 67% do corpo queimado era dependente químico.

"Estamos revoltados, independentemente de quem ele era, se era morador de rua ou dependente químico, ele não merecia ter morrido do jeito que ele morreu. Foi uma covardia, uma crueldade", afirmou.

O outro sem-teto vítima de ataque continua internado no Hospital Regional da Asa Norte (Hran). De acordo com a assessoria a unidade, ele está lúcido, em estado estável e responde bem ao tratamento.

Segunda a assessoria do Hran, com 20% do corpo coberto por queimaduras,  a vítima de 42 anos passou por cirurgia às 10h desta terça para drenar as áreas queimadas. Ainda conforme o hospital, o braço esquerdo foi o mais afetado, com queimaduras de terceiro grau.

Investigações
Dois homens chegaram a ser detidos no domingo (26), suspeitos de atear fogo aos dois moradores de rua.  Mas, segundo delegado responsável pelo caso, Guilherme Nogueira, não foram reconhecidos pela vítima internada no Hran.

O delegado informou que os dois suspeitos eram amigos das vítimas. "Eles são ‘companheiros de copo’, viviam juntos pelas ruas da cidade", disse. Nogueira disse que há cerca de um ano o grupo se desentendeu e as vítimas chegaram a ser ameaçadas, mas, segundo o delegado, os suspeitos não tiveram envolvimento com o crime.

O delegado afirma que a polícia busca testemunhas do crime. De acordo com o ele, no ataque foi usado, provavelmente, gasolina. Ele classificou o crime de “ato de vandalismo desumano”.

Um homem que teria presenciado o crime disse à polícia que, entre 22h30 e 23h de sábado, um grupo de sete pessoas tentou colocar fogo no sofá onde os sem-teto dormiam. A primeira tentativa não deu certo. Cerca de 50 minutos depois, duas ou três pessoas voltaram ao local e incendiaram o sofá.

A testemunha contou que as pessoas aparentavam ser adolescentes e que fugiram depois de atear fogo no sofá e em um colchão. De acordo com a polícia, o ataque foi feito por pessoas que estavam a pé. A testemunha chamou o Corpo de Bombeiros, que fez os primeiros socorros no local e levou as vítimas para o hospital.

Segundo Nogueira, os moradores de rua eram conhecidos nas imediações onde foram atacados. Eles não tinham passagem pela polícia e dormiam no sofá que ficava embaixo de uma árvore. De acordo com a polícia, a área é de ocupação mista – residencial e comercial – bem iluminada.

Índio Galdino
Em 20 de abril de 1997, cinco rapazes de classe média de Brasília atearam fogo ao índio pataxó Galdino Jesus dos Santos, de 44 anos, que dormia em uma parada de ônibus, na Asa Sul, bairro nobre da capital.

Os rapazes fugiram, mas um outro jovem que passava no local anotou a placa do carro e denunciou o crime à polícia.

Galdino chegou ao hospital com 95% do corpo queimado e morreu no dia seguinte. Ele havia chegado a Brasília no dia anterior, 19 de abril, para participar de várias manifestações pelos direitos dos indígenas.

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